Depois da enorme conquista, também com assinatura da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia, de um programa solidário de recuperação económica e social para conseguirmos sair mais fortes da crise pandémica, as primeiras verbas começam a chegar a Portugal e o nível de focalização das intervenções começa a ficar mais nítido e desafiante.

A apresentação dos 64 projetos, escolhidos de uma carteira de 144 candidaturas, pré-qualificados para as ações mobilizadoras para a inovação empresarial foi uma lufada de ideias fortes e com elevado potencial que cria uma expetativa positiva de que com eles a nossa produtividade suba, se crie mais riqueza, melhor distribuída no território, segerem mais empregos e os salários convirjam com os padrões médios da União Europeia.

Alguns números ajudam a definir a dimensão do que está em jogo. Os projetos apresentados representam um investimento global de 9 mil milhões de Euros, dos quais 8 mil milhões serão assegurados por empresas, com uma matriz de repartição de dois terços para investimento produtivo e um terço para investimento em Investigação e Desenvolvimento (ID). Baseiam-se em parcerias em áreas de elevado potencial face aos recursos do País, às fronteiras tecnológicas e às necessidades dos mercados globais, tendo em conta os desafios da descarbonização e da digitalização e os seus impactos económicos e sociais.

A chave do sucesso destes projetos terá que ser medida pela sua viabilidade económica e financeira, mas também pela forma como contribuírem para uma redução das desigualdades no território e para darem profundidade e massa crítica às vantagens competitivas que neles existem.

O caso de Sines é deste ponto de vista emblemático. O seu porto de águas profundas é um ponto chave nas rotas globais de abastecimento de mercadorias e energia. Nele ancoram cabos submarinos de transporte de dados em alta velocidade que são estratégicos para a transição digital inclusiva à escala mundial. Os projetos agora candidatados para investir em Sines cerca de 1000 milhões de euros numa cadeia de produção associada às baterias para a transição verde e à refinação de lítio, e de mais de700 milhões de euros na produção de Hidrogénio verde, não terão apenas um enorme impacto local. São projetos que para serem bem-sucedidos têm que envolver toda a região e criar raízes em todo o País e fora dele.  

Depois da mobilização geral contra o vírus, que ainda não pode ser descurada, chegou o tempo de uma mobilização geral pelo progresso justo e sustentável. Estamos todos convocados.