Primavera Ibérica
2014/12/08 11:49
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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Se a democraticamente legítima mas
politicamente negativa intransigência presidencial se continuar a sobrepor ao
interesse do País teremos em Portugal eleições legislativas apenas em Setembro
ou Outubro de 2015. A boa planificação do novo ciclo orçamental e de
desenvolvimento justificava a meu ver que o Presidente da República promovesse
um consenso para a sua antecipação para a Primavera. Em Espanha as eleições
legislativas deverão ocorrer em Novembro de 2015.
Portugal e Espanha têm sido governados
nos últimos anos por governos conservadores no plano social e ultra liberais na
proteção dos interesses económicos mais poderosos. De alguma forma 2015
convoca-nos a sonhar com uma Primavera Ibérica como aquela que a revolução dos
cravos despoletou em 1974, mesmo que nos calendários tenha que ser uma
Primavera ocorrida no Outono.
Em 1974 e nos anos seguintes, primeiro
Portugal e depois a Espanha deixaram a ditadura e tornaram-se democracias.
Espero agora que ambas, e em sequência de pronunciamentos populares
democráticos, saiam do regaço da direita e reganhem a autonomia do sonho e da
autonomia estratégica.
As direitas que lideram em Portugal e
Espanha têm no entanto algumas diferenças. Os conservadores espanhóis avançaram
com 62 projetos de investimento para o plano Juncker. No domínio da educação
propõem-se investir 3,9 biliões de euros em bolsas para estudantes em
dificuldade. Do governo português, até ao momento em que escrevo este texto
ainda não se conhece qualquer projeto. Tal como a Alemanha e a Holanda,
Portugal é um dos países ativamente contra o plano de recuperação do
crescimento europeu que está a ser concretizado pelo novo presidente da
Comissão Europeia, sobre pressão dos socialistas e democratas.
Teremos uma Primavera ibérica no próximo
Outono? O mercado das previsões não está fácil. Em Espanha o fenómeno “Podemos”
parece intrometer-se na aritmética com cada vez mais pujança e em Portugal o
populismo de esquerda e de direita começam a conquistar pequenas bolsas de
respiração.
Esta constatação só aumenta a
responsabilidade do Partido Socialista (PS) e do Partido Socialista Operário
Espanhol (PSOE). Um bom trabalho conjunto para o recentramento estratégico da
Península pode dar aos dois partidos trunfos acrescidos nos seus pleitos
eleitorais.
No passado Soares abriu as portas a
Gonzalez e Zapatero a Sócrates. Chegou agora o tempo de Costa marcar um ritmo
de vitória que possa ser acompanhado por Pedro Sanchez. A Primavera Ibérica
pode ser no Outono desde que seja um tempo de renascimento das ideias e da
esperança.
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