Triângulo Dourado
2008/08/25 16:00
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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O xadrez geopolítico mundial tem estado muito activo neste mês de Agosto em que os Jogos Olímpicos de Pequim e as férias estivais servem de cortinas de fumo perfeitas para dissimular os jogos de poder de elevado coturno que vão desfilando na cena internacional.
Vivemos um tempo raro e um cenário propício a segundas figuras. A China está simultaneamente forte com o sucesso dos jogos olímpicos e manietada pela vigilância internacional que deles decorre. A União Europeia está sonolenta e enredada nas teias da ratificação do Tratado de Lisboa e os Estados Unidos continuam suspensos das eleições presidenciais que se aproximam.
Neste vazio aparente emergiu nas últimas semanas um novo triângulo estratégico. Talvez por ter assistido aos ecos das ocorrências a partir da linha de fronteira entre a Tailândia, o Laos e a Birmânia, ocorreu-me desde logo usar a designação “triângulo dourado” que costuma ser usado para caracterizar esta região, para denominar o triângulo geopolítico emergente.
Esse triângulo dourado formado pela Rússia, França e Itália, ou se preferirem, por Putin, Sarkozy e Berlusconi, promete trazer ás relações internacionais novos desafios e novos impulsos, aproveitando a distracção dos grandes poderes e desafiando o eixo Londres – Berlin, aparentemente fora do elaborado xadrez que se desenrola no tabuleiro da Geórgia e noutros tabuleiros laterais.
Acresce que estas jogadas têm impactos colaterais fortes. Com o conflito na Geórgia, ganha McCain e perde Obama, ganha Sarkozy e perde Gordon Brown, ganha Sarkozy e perde Merkel. Não é fácil destrinçar a coreografia mas podemos ter a certeza que nada disto sucede por acaso.
No xadrez geopolítico deste tempo de disruptura, os bispos, as torres, os reis, as rainhas e até os cavalos e os peões estão a ser movimentados com mestria, embora ainda não se possa antecipar (pelo menos para um “xadrezista” ao meu nível!) quem fará xeque – mate a quem.
No aparente torpor dum Agosto festivo e algo descolorido, o mundo vai mudando sob os nossos olhos com uma força e um vigor pouco habituais.
Tempos de retiro são bons para fugir do quotidiano, mas podem ser tempos adequados para olhar a realidade com o distanciamento que permite antecipar os contornos sob os quais o futuro se desenha. Contornos hoje traçados por um triângulo dourado ocasional mas forte.
Vale a pena estarmos atentos aos próximos lances. Este xadrez é de mestres e joga-se com múltiplas e diversas geometrias!
Vivemos um tempo raro e um cenário propício a segundas figuras. A China está simultaneamente forte com o sucesso dos jogos olímpicos e manietada pela vigilância internacional que deles decorre. A União Europeia está sonolenta e enredada nas teias da ratificação do Tratado de Lisboa e os Estados Unidos continuam suspensos das eleições presidenciais que se aproximam.
Neste vazio aparente emergiu nas últimas semanas um novo triângulo estratégico. Talvez por ter assistido aos ecos das ocorrências a partir da linha de fronteira entre a Tailândia, o Laos e a Birmânia, ocorreu-me desde logo usar a designação “triângulo dourado” que costuma ser usado para caracterizar esta região, para denominar o triângulo geopolítico emergente.
Esse triângulo dourado formado pela Rússia, França e Itália, ou se preferirem, por Putin, Sarkozy e Berlusconi, promete trazer ás relações internacionais novos desafios e novos impulsos, aproveitando a distracção dos grandes poderes e desafiando o eixo Londres – Berlin, aparentemente fora do elaborado xadrez que se desenrola no tabuleiro da Geórgia e noutros tabuleiros laterais.
Acresce que estas jogadas têm impactos colaterais fortes. Com o conflito na Geórgia, ganha McCain e perde Obama, ganha Sarkozy e perde Gordon Brown, ganha Sarkozy e perde Merkel. Não é fácil destrinçar a coreografia mas podemos ter a certeza que nada disto sucede por acaso.
No xadrez geopolítico deste tempo de disruptura, os bispos, as torres, os reis, as rainhas e até os cavalos e os peões estão a ser movimentados com mestria, embora ainda não se possa antecipar (pelo menos para um “xadrezista” ao meu nível!) quem fará xeque – mate a quem.
No aparente torpor dum Agosto festivo e algo descolorido, o mundo vai mudando sob os nossos olhos com uma força e um vigor pouco habituais.
Tempos de retiro são bons para fugir do quotidiano, mas podem ser tempos adequados para olhar a realidade com o distanciamento que permite antecipar os contornos sob os quais o futuro se desenha. Contornos hoje traçados por um triângulo dourado ocasional mas forte.
Vale a pena estarmos atentos aos próximos lances. Este xadrez é de mestres e joga-se com múltiplas e diversas geometrias!
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