Compromisso
No dia 12 de setembro participei no XIX Congresso da Federação de Évora do Partido Socialista, partido em que milito formalmente desde 1978. O evento realizou-se em Estremoz, num espaço adequado aos tempos em que vivemos, numa tarde quente em que à temperatura ambiente do pavilhão no parque de exposições se somou o calor dos reencontros de amigos e parceiros de uma caminhada que a pandemia transferiu inopinadamente para o domínio das redes virtuais durante mais de um semestre.
Tempo de reencontro, mesmo que com distâncias sociais, é sempre um tempo de reflexão. Para mim em particular, este Congresso significou voltar a uma terra na qual 30 anos antes tinha sido eleito Secretario Coordenador (hoje a designação estatutária é Presidente) da Federação de Évora do PS. Tinha metade da idade que agora tenho e o dobro dos sonhos, porque muitos dos sonhos que então tinha para dar sentido útil à minha vida, fui conseguindo concretizar numa combinação plena da vida familiar, da vida universitária e da vida política.
Na intervenção que partilhei no Congresso, cuja dimensão política não cabe expor nesta crónica, agradeci o processo de aprendizagem coletiva que a militância política com compromisso me proporcionou e espero continuará a proporcionar, expressando a minha gratidão e o meu orgulho de ser parte de uma organização que por mérito, trabalho e empenho, se foi tornando num partido de referência para o Alentejo e para os alentejanos, como bem expressam os resultados eleitorais obtidos sucessivamente desde a última década do século passado até aos nossos dias.
Um orgulho espelhado também na perceção de que havendo ainda muito para fazer para que o Alentejo dê o salto estrutural que está ao seu alcance, os passos seguros que foram dados na criação de melhores condições de vida e mais oportunidades para quem nele vive ou quer viver, resultaram da concretização dos programas eleitorais sufragados maioritariamente num processo de maturidade democrática que devemos preservar como um capital precioso do nosso crescimento como comunidade.
Não pensem os leitores que esta crónica eivada de nostalgia, temperada pelo tempo que vivemos e pelos tempos que vivi, é uma crónica de despedida. Mesmo que os sonhos por concretizar já sejam menos, eles são suficientes ainda para viver muitas vidas e sobretudo para olhar para os trinta anos vindouros revigorado pela memória do que foram os trinta anos que passaram.
Desafios não faltam, para mim e para todos nós, dentro e fora da vida partidária, inseridos numa sociedade em mudança acelerada e que precisa do nosso compromisso permanente com aquilo em que acreditamos e podemos concretizar.