Visto de Casa 10/04
2020/04/10 18:56
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O Cristiano Ronaldo do Eurogrupo marcou golo no último minuto. A aprovação das três linhas de financiamento de mais de 500 mil milhões de Euros para fazer face aos custos diretos e indiretos da pandemia são uma excelente notícia para a Europa e para os cidadãos europeus. Foi conseguido um bom compromisso de resposta imediata. Começa agora um novo desafio. Mobilizar um fundo de recuperação solidário. Nada é impossível quando a convicção é forte e damos tudo em nome dela.
Nunca imaginámos passar a Páscoa no planalto de uma pandemia. Mas é lá que estamos esperando que em breve o número de novos recuperados comece a suplantar o número de novos infetados. Precisamos de mais algum tempo de esforço coletivo para lá chegar.
Quando se divulga o número de novos infetados, surgem vozes a proclamar que se todos os portugueses fossem testados haveria muitos mais infetados. É provável que sim e é por isso que o confinamento generalizado é tão importante. Mas se todos os portugueses fossem testados também teríamos um número muito maior de auto recuperados e de imunes.
Nalguns países, com a Alemanha à cabeça, começam a ser emitidos certificados de imunidade para autorizar cada vez mais cidadãos a voltar à sua vida social com normalidade. Seria um caminho óbvio, não fossem as dúvidas que alguns cientistas ainda colocam quanto à garantia dessa imunidade. Vale a pena observar e seguir as melhores práticas.
Hoje é sexta-feira santa. Com diferentes leituras e ritos em função da fé ou da mundividência de cada um, a Páscoa tem uma forte simbologia partilhada de redenção, superação da morte e celebração da vida.
A Páscoa de 2020 será para cada um de nós e para os anais da história um tempo inesquecível. Um tempo em que se destapou o melhor e o pior que há em cada pessoa, em cada família, em cada bairro, em cada cidade, em cada região e em cada modelo de organização económica, social e política. Tudo foi posto em causa. Tudo sofreu uma morte simbólica. Tudo voltará a nascer. É primavera.
Uma primavera recebemos com distanciamento social na expetativa de poder abraçar o verão com alegria e vigor. Oxalá assim aconteça. Será um verão diferente como diferentes serão todas as estações da nossa vida depois do sofrimento, do medo e da aprendizagem forçada a que fomos sujeitos. Mas que seja um Verão quente, com mais afeto e menos ruído das coisas das quais agora percebemos a insignificância.
Esta é uma Páscoa diferente. Com mais solidão e ao mesmo tempo mais comunhão. Com mais tempo para nos olharmos no espelho de nós próprios e dos que nos são próximos. Para subirmos ao monte das oliveiras e de lá vermos o mundo que nos rodeia. Para separarmos melhor o trigo do joio. Para nos prepararmos para sermos protagonistas da ressurreição do mundo.
Este não é um tempo de sono profundo, mas de vigília atenta. Enquanto humanidade vamos acordarmaterialmente mais pobres, mas espiritualmente mais fortes. Seremos melhores e mais felizes? Tudo depende de nós. Até amanhã a todos, com muita saúde.
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