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Em Passo de Corrida



 

Dizem que correr se tornou uma moda. Eu sempre pratiquei desporto com muita intensidade. Só no Futsal (nome moderno do velhinho Futebol de Salão) e nas corridas de médio e longo curso consegui alguns resultados acima da média. Mas sempre fui um atleta empenhado, esforçado e sobretudo feliz na prática das mais diversas modalidades.

 

Hoje continuo a não dispensar uma oportunidade de praticar com os meus amigos, desportos de conjunto, em particular uma boa peladinha. Os tempos para a bicicleta de todo o terreno e para esquiar são cada vez menos. Como consequência de tudo isto, corro sozinho cada vez mais. São uma espécie de peregrinações em passo de corrida através de mim e daquilo que me rodeia. 

 

Nessas “peregrinações” procuro escolher percursos em que possa desfrutar da paisagem e se possível de alguma passagem simbólica por pontos ou locais onde a densidade energética é mais forte. Capelas, ermitérios, pracetas históricas, monumentos, recantos naturais de especial encanto.

 

Escrevo este texto a 15 de Agosto. É dia de Nossa Senhora e eu peregrinei até à capelinha de Nossa Senhora de Entre-Águas que fica em Válega a pouco mais de 5 km da casa de familiares em que me encontro.

 

Na primeira parte do percurso, ligeiramente a descer, desfrutei um enorme prazer físico. Sentir os músculos a cooperar, o ritmo cardíaco como um relógio, os pulmões cumprindo o seu papel de renovação do oxigénio, corpo e espírito em plena comunhão com a natureza.

 

Ao passar junto à capela e ao circundá-la abstraí o corpo para me entregar ao simbolismo do momento e depois no regresso, já com algum esforço foi a vontade que ordenou ao corpo que tinha que resistir, que era possível cumprir o plano, que a recompensa dum bom duche frio e dumas horas de bem-estar repousado compensavam bem o suplemento de energia que lhe era pedido para finalizar os pouco mais de 10km do percurso.

 

É assim a existência. Umas vezes levados pelo prazer do corpo e outras pelas motivações do espírito, o que importa é que o todo nos permita atingir patamares de serenidade e complementaridade entre nós, o nosso trajecto de vida e o mundo que nos rodeia.

 

A corrida tornou-se uma moda e eu que já corria há muitos anos estou agora em plena onda?

 

Pergunto-me o porquê desta moda. É barata, é boa, sabe bem. É uma meditação do século XXI. Uma forma de estarmos em nós dando-nos à natureza. Corpo e alma. Músculos e vontade.  Em passo de corrida.
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