Perfis Presidenciais
2015/10/27 08:17
| Diário do Sul, Fazer Acontecer
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Aníbal Cavaco Silva nunca
conseguiu desempenhar o papel de árbitro que a nossa constituição reserva ao
Presidente da República. Foi sempre mais o Presidente da maioria que o elegeu,
em vez de ser o Presidente de todos os portugueses, ainda que tendo por referência
o seu programa de candidatura.
Não obstante este histórico, confesso
que me surpreendeu o seu discurso em que indigitou Pedro Passos Coelho para
formar Governo. Não pela indigitação em si mas pelas considerações que lhe
juntou. Considerações infelizes e que fraturaram a sociedade portuguesa duma
forma a que só me recordo de ter assistido nos tempos do designado PREC em
74/75 do século passado, ou durante a segunda volta das eleições presidenciais
que opuseram Mário Soares a Freitas do Amaral.
É neste contexto que os
portugueses têm que avaliar os perfis presidenciais e tomar a sua decisão sobre
quem será Presidente da República a partir do início de 2016. Conheço
pessoalmente muitos dos candidatos e sobre eles tenho a melhor das impressões
como cidadãos com provas dadas nas suas áreas e como pessoas cultas, bem
formadas e preparadas para exercer as altas funções a que se candidatam.
Não conhecendo pessoalmente
Edgar Costa (candidato da CDU) vou analisar com um pouco mais de detalhe o
perfil de Marisa Matias, Sampaio da Nóvoa, Marcelo Rebelo de Sousa e Maria de
Belém.
Marisa Matias é uma excelente
Eurodeputada, empenhada, trabalhadora e consistente na sua ação política. Ainda
carece de alguma maturidade e experiência para ser o árbitro que Portugal
precisa. Sampaio da Nóvoa é uma grande personalidade do mundo académico e foi
um Reitor exemplar. Como Árbitro correrá o risco de acusar a sua falta de
experiência política na difícil gestão dos “dossiers” que esperam o próximo
Presidente da República. Risco contrário tem Marcelo Rebelo de Sousa.
Experiência política não lhe falta, mas o Professor é um generalista com alguma
volatilidade. Poderá não ter a consistência necessária para o desafio.
É pública a minha decisão de apoiar a
candidatura de Maria de Belém. Afirmo-o aqui não para aproveitar este espaço
para fazer propaganda da sua candidatura, mas para que os leitores saibam que a
minha apreciação tem um contexto.
De facto, tenho a convicção que se queremos um
árbitro para exercer as funções de Presidente da República, com experiência
política mas também com forte ligação à sociedade civil e com capacidade para
exercer um mandato com valores mas em nome de todos os portugueses, o perfil de
Maria de Belém é o que mais se adequa.
Talvez existam outros candidatos
“melhores” para o PS, ou para a PAF, ou para o BE ou para a CDU. Escaldado pelo
exemplo de Cavaco Silva, o que eu escolhi foi o melhor candidato para Portugal.
É isso que exorto os meus leitores a procurarem.
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