Jogar à Bola
A equipa de Futebol de que sou um adepto, o Sporting Clube de Portugal, há várias épocas que tem vindo a jogar bem à bola. Numa delas venceu mesmo o campeonato nacional, depois de quase 20 anos de jejum. Na época agora a findar a equipa continuou a jogar bem, mas falhou todos os objetivos. As regras do Futebol definem métricas para se conseguirem resultados e para ganhar ou perder. O que define o resultado são os golos marcados e os golos que se evitam sofrer. As equipas têm que ter não apenas um modelo de jogo mais ou menos flexível, mas também a atitude e as competências para marcar e não serem batidas na sua relação com as balizas.
Esta não é uma crónica desportiva. É apenas uma crónica em que procuro chutar com sucesso à baliza das ideias e das opiniões usando uma imagem desportiva. Sinto que algo de muito similar ao que está a acontecer esta época com o Sporting se está a também a verificar quando analisamos o atual ciclo político em Portugal, nas suas múltiplas dimensões e patamares.
O jogo é intenso, por vezes bem praticado, com forte cobertura noticiosa e repercussão nos media e nas redes socias, gera acalorados debates, mas com tido isso os diferentes atores tendem a desfocar-se do essencial, ou seja, de transformar em concreto a vida das pessoas, fazendo menos faltas ou passes a meio campo e mais golos no combate à crise e na mobilização de todos para as vitórias do dia a dia e para desenhar desígnios fortes.
A larga maioria dos portugueses continua a escolher jogar em modo democrático, prezando a liberdade, a equidade e a solidariedade. É preciso dar-lhe razões para descerem da bancada, e do livre exercício do aplauso e do apupo, do discurso elaborado ou das tiradas demagógicas e destrutivas, para o campo onde precisamos de jogar bem e aproveitar a grande oportunidade de subir nesta década para uma outra liga na convergência do nosso desenvolvimento com o desenvolvimento dos Países líderes da União Europeia.
Precisamos de conseguir, cada um na posição para que se sente mais vocacionado ou habilitado, promover jogadas coletivas que evitem sofrer adversidades e permitam marcar golos fazendo o que há décadas andamos a discutir e a lateralizar, como o mediático caso do novo Aeroporto de Lisboa tão bem exemplifica.
As estatísticas recentes sobre a economia e o emprego mostram que, não obstante o imenso ruído no estádio não estamos a jogar mal. Falta sermos mais objetivos e coesos concretização, para que jogar bem à bola não seja um fim, mas parte de um caminho de vitória que é desejável e possível.