Terrorismo e Liberdade
2017/08/26 09:28
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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Nos últimos dias as democracias ocidentais foram assoladas por mais uma série de ações terroristas radicaisque visaram pôr em causa, através da propagação do medo, o modo de vida e a liberdade de escolha das suas populações.
As nossas sociedades multiculturais, compostas por uma larga maioria de cidadãos respeitadores e integrados, estão infiltradas por uma minoria de fanáticos que tem como principal objetivo impedir a livre escolha dos indivíduos e das comunidades na sua forma de estar e de decidir.
Esta situação coloca as sociedades ocidentais em geral e a sociedade europeia em particular, perante escolhas difíceis. A liberdade de expressão é um tesouro de dignidade humanista que lutámos séculos para conquistar. Como podemos preservá-lo sem permitir que ele seja usado para destruir os fundamentos da nossa forma de estar e viver, é uma questão crucial do nosso tempo.
Que formas de ação devemos adotar em casos como o das mesquitas e dos imãs radicalizados, de que o Imã Abdelbaki Es Satty da mesquita de Ripoll na Catalunha foi apenas mais um exemplo? Como impedir que a liberdade de expressão seja usada para radicalizar jovens e criar contextos favoráveis à ocorrência de atos violentos e terroristas contra cidadãos indefesos?
As ações terroristas são fortemente punidas pela lei e as polícias têm vindo a melhorar a sua ação e a sua cooperação. Ao mesmo tempo as comunidades têm dado grandes provas de coragem e maturidade.
A questão determinante é a definição da fronteira daquilo que pode ser configurado como um delito de opinião. Como lidar com o apelo ao ódio e à violência. Onde termina a liberdade de expressão religiosa e começa o incitamento ilegal a ações que põem em causa a ordem pública e a integridade física das pessoas.
Quanto melhor for a integração das minorias étnicas, culturais e religiosas nas sociedades de acolhimento mais limitado é o risco. Agora, mais do que nunca, as sociedades ocidentais precisam da colaboração ativa das comunidades e dos cidadãos como agentes de prevenção e de deteção precoce de movimentações de risco.
Temos que travar e vencer o combate das ideias junto de todos os cidadãos que integram as nossas sociedades, em particular os mais jovens. Se alguns os radicalizam para o ódio e o desprezo pelos valores ocidentais, nós temos o direito e o dever de os mobilizar em contrapartida para a paz, a convivência pacífica, a aceitação do outro e a celebração da democracia.
O combate das ideias, com pluralidade e abertura, é oprimeiro a ter que ser vencido, usando a liberdade de expressão como uma poderosa arma contra o terrorismo.
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