Farinha do mesmo Saco?
2019/06/22 09:40
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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Inicia-se dia 2 de julho, com a tomada de posse dos membros e a eleição do Presidente do Parlamento Europeu (PE), o novo ciclo institucional na União Europeia. Eleitos nos 28 Estados-membros por uma miríade de listas de partidos e movimentos mais ou menos pan-europeus, os eurodeputados organizam-se no PE em grupos ou famílias políticas, que para serem reconhecidas têm que ter pelo menos 25 membros de sete nacionalidades diferentes.
Sem por em causa as suas identidades nacionais, uma vez chegados ao PE, os vários eleitos têm que escolher a que grupo político de caracter transnacional vão pertencer e sujeitar-se à apreciação da sua candidatura, que pode ser aceite ou recusada.
Em breve assinarei a declaração política comum que me tornará (a mim e aos meus oito colegas eleitos pelo PS) membros do S&D no mandato 2019-2024. No nosso caso não haverá nenhuma dificuldade previsível de assinatura da declaração e de admissão ao grupo.Não sei se haverá alguma dúvida ou questão com os outros portugueses eleitos. Em 2014, por exemplo, os eurodeputados eleitos pelo Partido da Terra não foram admitidos no grupo dos Verdes e foram depois aceites pelos Liberais (ALDE), grupo em que um deles se manteve todo mandato, tendo o outro transitado a meio para o grupo da direita conservadora (PPE).
Uma das acusações mais duras de escutar enquantorepresentante político é a de que somos todos farinha do mesmo saco. Não sou ingénuo. Muitas vezes essa expressão significa uma manifestação de desânimo e descrédito em relação ao sistema político democrático. Os populistas não se cansam de explorar esse filão, e muitos eleitos dão boas razões para que ele floresça.
Outras vezes, contudo, a acusação refere uma indiferenciação de valores e prioridades, que parece ainda mais óbvia quando os representantes exercendo o seu mandato numa instituição menos próxima, vêm os ecos da sua intervenção mais diluídos na espuma da comunicação.
Na declaração que assinarei vou-me comprometer em lutar pela justiça social, pela equidade e pela solidariedade em Portugal, na Europa e no mundo. Em defender o ambiente, a igualdade de género e a combater todas as formas de discriminação. Em promover o multilateralismo, a convergência e coesão.Em fazer da União Europeia uma voz global em defesa dos direitos humanos, do desenvolvimento sustentável e da paz. Outros legitimamente assumirão outros compromissos. Não somos todos farinha do mesmo saco.
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