Visto de Casa 31/03
2020/04/10 18:33
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O COVID19 tem-se vindo a alojar nas células de alguns de nós, por enquanto felizmente ainda uma pequena minoria, mas conseguiu travar uma parte significativa da nossa economia, alterar as nossas rotinas sociais e tomar de assalto os nossos cérebros.
É aquilo a que em linguagem simples se pode chamar um vírus de nova geração, mas não deixa de ser um vírus, ou seja um parasita intracelular, microscópico, sem metabolismo próprio e que só se consegue reproduzir dentro de uma célula hospedeira, que passa a comandar através do seu material genético.
Dito isto, e face às suas características ainda não dominadas, nem pelo nosso sistema imunológico nem pela existência de uma vacina ou de um tratamento eficaz, o dito vírus ganhou uma preponderância brutal no nosso pensamento e no nosso comportamento.
Confinou-nos e distanciou-nos. Cancelou a vida em comunidade. Tornou-se “viral”. A sua representação está em biliões de cartazes, imagens, gráficos e ilustrações. Pululam adjetivos para o classificar, alguns deles atribuindo-lhe capacidades cognitivas inesperadas como a inteligência, a esperteza ou amalvadez. Só falta mesmo que alguém lhe atribua consciência, embora não faltem metáforas que o associam a uma ação mais ou menos consciente de purificação ou de destruição da humanidade.
“Humanizar” o vírus ajuda a explicar e a comunicar a pandemia, mas é preciso muito cuidado para não passar da linha da pedagogia para o terrível território do medo, onde nenhuma batalha se vence. Um vírus é um vírus. O fundamental é que não se aloje em nenhuma das nossas células. Evitemos que contamineos nossos neurónios. Já basta o que basta.
O comportamento da pandemia em Portugal tem vindo a evoluir de acordo com o que estava previsto. Ontem a percentagem de novos infetados cresceu 7,5%, descendo significativamente em relação aos dias anteriores, enquanto o número de internados e de hospitalizados em cuidados intensivos cresceu perto de20%. É um comportamento alinhado com as características do COVID19 que ao demorar 7 a 14 dias a manifestar-se, quando se manifesta, porque porvezes é assintomático, não perde uma oportunidade de se multiplicar pelo contágio e faz com que o impacto das medidas sejam diferidas no tempo.
Estes resultados reforçam a mensagem de que devemos continuar a ser rigorosos no confinamento e no distanciamento social, a proteger os que têm que estar na linha da frente da batalha, em particular os profissionais de saúde e a ter uma atenção especial com os mais idosos e em particular com os lares. São motivos de esperança e de reforço da nossa vontade de vencer. Tenhamos as boas práticas na cabeça, mas o vírus não. Até amanhã com muita saúde para todos.
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