Tomates e Ferraris
2019/06/15 10:48
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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Numa recente intervenção, Capoulas Santos, Ministro da Agricultura, usou uma imagem muito forte para explicitar o grau de inovação e mudança que tem transformado todos os setores produtivos, sem deixar para trás, como muitos por vezes distraidamente pensam, o setor agropecuário. Disse o Ministro alentejano que há mais tecnologia num tomate do que num Ferrari.
Lembrei-me deste impressivo exemplo quando li recentemente noticias sobre um debate na Assembleia da República versando os impactos da agricultura intensivaproporcionada pelos novos regadios no Alentejo que resultam do extraordinário investimento que tem vindo a ser feito no Empreendimento de Fins Múltiplos do Alqueva.
O debate, pelo que li, versou essencialmente a prática do olival intensivo, mas poderia ter sido ser alargado a outras culturas que juntando sol e água, fazem surgir numa região de sequeiro e cultura extensiva e cujo ecossistemapredominante tem que ser preservado, espaços para novas culturas com elevada produtividade e valor acrescentado.
Essas novas culturas, como sublinhou no referido debate o Deputado socialista eleito pelo círculo eleitoral de Beja Pedro do Carmo “fixam população jovem e qualificada no interior do território e dão um forte contributo às exportações”.Citando no mesmo debate o Deputado socialista eleito por Évora Norberto Patinhoessas culturas “têm constituído uma das respostas mais sustentáveis na luta travada pela coesão territorial e pelo desenvolvimento do interior … assegurando uma nova vitalidade e uma prosperidade sustentável”.
A avaliação do impacto das novas culturas na qualidade dos solos, na boa gestão da água, na criação de emprego e na qualidade de vida em geral é muito oportunoe deve merecer atenção permanente. Exige um debate sério e travado com bom senso e equilíbrio. Pessoalmente respeito, mas não encontro espaço viável para o saudosismo da ideia de que antigamente é que era bom, nem para o vanguardismo de quem quer explorar tudo de supetão e sem avaliação de efeitos colaterais.
Se há mais tecnologia num tomate do que num Ferrari então essa tecnologia tem que ser usada para melhorar a produtividade e a qualidade das culturas e ao mesmo tempo para garantir a sua sustentabilidade e minimizar o seu impacto na sustentabilidade dos recursos. É isso que tem que acontecer e acredito que é isso que na generalidade das explorações está a acontecer.
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