Visto de Casa 08/04
2020/04/10 18:48
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O Governo designou 5 Secretários de Estado para assegurarem a coordenação regional da execução da declaração do Estado de Emergência. Foi uma medida lúcida, adequada e útil. A necessidade de a tomarevidencia, no entanto, o erro que tem sido cometido ao longo dos anos, empurrando com a barriga a criação das regiões administrativas, não travando aprogressiva erosão das competências e dos recursos dos serviços desconcentrados, extinguindo de forma incompreensível os Governos Civis e forçando algumas fusões contranatura de freguesias.
Entre as muitas dinâmicas de reflexão e de mudança induzidas pela situação com que a pandemia nos vemconfrontando todos os dias, e à qual de forma tão responsável temos sabido responder, a questão do modelo e da gestão do território tem que ser uma delas, a reagendar para depois de vencida a batalha.
No terreno, a progressão do número de contaminados pelo coronavírus em Portugal tem vindo a manter-se nos últimos dias sempre abaixo dos dois dígitos. Ontem foi de 6%. Esta tendência significa, na linguagem metafórica que tem sido usada para explicar a evolução da curva da propagação, que já não estamos a subir a montanha e que atingimos agora um planalto. Um planalto onde todo o cuidado é pouco, para que assim que possível se inicie de forma cuidadosa e progressiva a tão desejada descida à planície.
Num diário recente refleti convosco sobre a minha preocupação com a progressão da pandemia em África e nos países menos desenvolvidos. Tenho mantido muitos contactos de sensibilização, avaliação e desenhode políticas e de medidas de resposta. É a minha obrigação como cidadão e como eurodeputado, pelas funções que me foram atribuídas de presidir à delegação do Parlamento Europeu para África, Caraíbas e Pacífico.
Ontem a Presidente da Comissão Europeia, Ursula Vonder Layen, anunciou a disponibilização imediata de um fundo de 15 mil milhões de Euros para colmatar as necessidades de saúde mais prementes e apoiar as economias dos países mais necessitados, em África e noutras regiões do globo. Vale a pena lutarmos todos por boas causas.
Este fundo, que vai ser amplificado com mais recursosatravés de uma parceria de contributos assegurados pelos Estados membros, posiciona a União Europeia do lado certo na resposta global à crise pandémica, quer no plano humanitário, quer no plano económico, assegurando assim também uma posição mais forte no xadrez geopolítico que dela vai emergir.
Alguns dirão que a União parece mais lesta a responder aos desafios externos do que aos internos. Nesta crise as duas dinâmicas são gémeas. Como lembrou recentemente o Primeiro Ministro da Etiópia e Prémio Nobel da Paz Abiy Ahmed, “Se o COVID19 não for vencido em África, vai voltar para assombrar o resto do mundo”. O que menos precisamos é de mais assombramentos. Até amanhã, com muita saúde para todos.
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