Brasil
2015/11/15 09:04
| Diário do Sul, Fazer Acontecer
| Link permanente
O Brasil é um “continente”. Maior que a Europa e com uma população
jovem e a crescer, o Brasil enfrenta hoje enormes desafios, ou dores de
crescimento, em larga medida provocadas por ter deixado de ser um País
emergente com benefícios vários resultantes desse estatuto, para passar a ser
uma potência integrante do G20, ou seja do clube dos países líderes à escala
global.
Como Vice – Presidente da Delegação do Parlamento Europeu para as
relações com o Brasil reuni recentemente com o poder Executivo, Legislativo e
Judicial daquele País, que os laços de cultura e de história, nos levam a
qualificar como País irmão.
A crise política e económica, com reflexos sociais, que o Brasil está a
viver não nos deve fazer esquecer o trajeto de grande sucesso trilhado nos
últimos 25 anos. Um sucesso conseguido em democracia, respeito pelos direitos
humanos e redução das desigualdades, o que o distingue de outros países
emergentes que no plano estritamente económico também fizeram trajetos de
êxito.
A União Europeia integra 28 Estados Soberanos muito diversos. No meio
da diversidade e das múltiplas prioridades, a sensibilidade para a importância
das relações da UE com a América Latina em geral e com o Brasil em particular
exige um esforço permanente, mas que vale a pena fazer.
No plano comercial, depois do grande acordo Estados Unidos / Pacífico e
do avanço do Acordo Estados Unidos / Europa (Parceria Transatlântica), a não
concretização de um acordo entre a Europa e os Países do Atlântico Sul em
especial dos países do Mercosul cujo principal integrante é o Brasil criaria
uma situação grave de desequilíbrio entre o Pacífico e o Atlântico por um lado
e entre o Atlântico Norte e Atlântico Sul por outro, que não seria bom para o
mundo e muito menos para Países como o Brasil e Portugal.
No plano económico, o papel do Brasil no sucesso duma agenda de
descarbonização da economia, que permita suster o aquecimento global e ao mesmo
tempo criar uma nova dinâmica de crescimento sustentável é fulcral. O Brasil
lidera o designado grupo dos 77, hoje incluindo muito mais de cem países, sem
os quais nenhum acordo global significativo será alcançado na Cimeira de Paris.
E esse acordo sendo importante para a humanidade, é sobretudo crítico para
zonas económicas em risco de estagnação como a zona do Mercosur ou a UE.
Finalmente no Plano Político a experiência de desenvolvimento em
democracia do Brasil torna-o um importante aliado da UE na defesa de valores
humanistas para a globalização económica, política e financeira.
Em síntese, a mensagem que quero transmitir depois de todos os debates
mantidos em Belo Horizonte e Brasília é muito simples. A União Europeia precisa
do Brasil e o Brasil precisa da União Europeia. Os responsáveis brasileiros têm
uma consciência forte desta realidade. Os europeus estão dispersos e divididos.
Em nome da Europa, mas também de Portugal reforçar a cooperação entre a EU e o
Brasil é uma prioridade que merece todo o esforço bilateral.
Comentários