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O velho, o rapaz e o burro

O Homem, o Rapaz e o Burro
Foi publicado em 12 de outubro o inquérito independente à catástrofe dos fogos florestais esta verão em Portugal, e em particular ao acontecido em Pedrogão Grande. Entre as múltiplas apreciações e conclusões, inclui-se a ideia que estiveram no local um numero excessivo de responsáveis políticos e que isso terá afetado a concentração e a coordenação operacional.

Quando fui Secretário de Estado Adjunto do Ministro da Administração Interna com a responsabilidade delegada da proteção civil, sempre defendi que as ocorrências técnicas deviam ser tratadas pelos técnicos, cabendo aos políticos garantir-lhe os meios e as condições para cumprirem a sua missão.

Na Proteção Civil ocorrem, no entanto, alguns eventos que exigem coordenação política de proximidade. Dos autarcas quando o âmbito é oncelhio ou dos responsáveis distritais (que no meu tempo eram os Governadores Civis e hoje são um enorme vazio na nossa matriz de comando) quando o âmbito envolvia vários Concelhos. 

 em casos excecionais, com necessidade de tomada de medidas de envolvendo múltiplos agentes nacionais e internacionais, se justifica a presença no terreno de responsáveis ao nível mais elevado. 

Foi o caso por exemplo da queda da Ponte Hintze Ribeiro (Entre os Rios) em 2001. Estive lá desde o início das operações até à sua conclusão e fui acompanhado por outros responsáveis políticos porque sem isso a complexidade da resposta que foi preciso ser dada não teria sido possível.    

Deixo esta nota mais operacional, resultante do cruzamento da experiência que vivi com o que vejo agora escrito e comentado sobre a presença de responsáveis políticos junto dos teatros de operações, para partilhar uma reflexão sobre as contradições e as dificuldades de encontrar o justo equilíbrio entre o que deve ser feito e aquilo que as populações esperam que seja o comportamento de quem elegeram para os representar.

Se os autarcas ou outros responsáveis políticos dos mais diversos patamares, incluindo o Presidente da República são presentes junto das populações e dos comandos operacionais correm o risco de virem a ser acusados de quererem “aparecer”, e com isso prejudicar a operacionalidade das respostas. Se o não fizerem não faltará quem os acuse de falta de empenho, solidariedade e interesse.

A história do “Homem, do rapaz e do burro” aplica -se aqui como uma luva. Por mim mantenho a ideia que sempre tive. As respostas técnicas devem ser dadas tecnicamente. As decisões políticas cabem aos políticos. A forma como se combinam deve ser a que melhor serve o interesse das populações. Agradar a “gregos e troianos” muitos tentaram, mas poucos conseguiram.  
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