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A Dança dos Egos



 

Começo escrever este texto enquanto os Gregos ainda votavam. A chocante imaturidade dos atores ao longo dos últimos anos e das últimas semanas, transformou a crise económica, social e política grega numa questão de honra, que interactua com os fundamentos do projecto europeu.

 

Uma questão de honra porque o que virou o vento não foram os tratados ou os próprios princípios de solidariedade que continuam presentes no acervo europeu, ainda que a necessitar de obras urgentes.

 

O que mudou foi o ego da chanceler alemã em 2009 perante o risco de perder uma série de eleições regionais, a que se seguiu um tétrico bailado de egos diversos, terminado em trágica apoteose com as reviravoltas de Christine Lagarde ( Diretora Geral do FMI) para se tentar aguentar no seu posto mais um mandato. No meio disso também alguns egos gregos se inflamaram. O que devia ser um desafio de lucidez e assertividade transformou-se numa batalha de palavras e insultos. Numa dança de Egos em batida de guerra.

 

Confesso que me choca ver cada vez mais dirigentes europeus mais preocupados com a sua pessoa do que com as pessoas que deveriam representar. Passos Coelho é disso o mais acabado exemplo. O pior Primeiro- ministro da Democracia portuguesa (a avaliar objectivamente pelo comportamento de todos os indicadores económicos e sociais no seu mandato) é cúmplice na dança dos egos. Os egos flamejantes consideram-no um servo útil e ele sente-se honrado por isso. Os portugueses não.

 

Concluo agora este texto já conhecedor de que os Gregos votaram maioritariamente no não ao acordo de austeridade proposto pelas instituições europeias. Não me quero pronunciar sobre a natureza do referendo nem sobre o seu resultado. Não sou Grego e não quero ser mais um a interferir nas decisões de um Estado soberano. A minha avaliação é como Europeu empenhado no sucesso do projecto comum que nos une em nome da paz, da tolerância e da prosperidade.

 

Com os resultados do referendo Grego os egos voltaram a dançar. Muitos silêncios foram desperdiçados. Temos que passar da retórica à acção.  

 

Não podemos confundir o não no referendo Grego com uma auto-estrada para a sada da Grécia do Euro. Essa atitude é uma indigna tentativa de aproveitamento dos que defendem a Austeridade como solução para os Países com dívidas elevadas, para dar um novo fôlego a uma receita falhada. A resposta correta ao não é a negociação de uma solução para o Euro, que permita também uma solução para a Grécia.

 

Com inteligência e vontade política o não na Grécia pode ser o princípio de uma solução estrutural que poderá também beneficiar Portugal. Pelo contrário atirar a Grécia para fora do Euro como o Governo Passos/Portas mostra desejar, é expor o nosso País a um risco de mercado brutal.

 

Espero que haja lucidez na Europa e em Portugal. Este é o momento de resolver estruturalmente as coisas. Não é o tempo para atear incêndios que levam sofrimento e empobrecimento a muita gente e que podem acabar no nosso próprio quintal.

 

 

 

 

 

 

 
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