Emprego (quase) Pleno
2018/08/12 11:25
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
| Link permanente
A taxa de desemprego em Portugal diminuiu no segundo semestre do ano em curso para 6,7%, caindo quase 10% em relação aos índices dos tempos das políticas de empobrecimento da coligação Passos/ Portas e aproximando o indicador daquilo a que em termos económicos se considera o pleno emprego, tendo em conta que 5% do desemprego é normalmente atribuído à mobilidade natural nas economias abertas.
Esta notícia é excelente. Há mais 280 000 portugueses empregados do que há dois anos e mais 114 000 do que o ano passado. Cada dia a economia portuguesa cria em média 370 novos postos de trabalho. O desemprego de longa duração está a diminuir.
Estes resultados são um incentivo para continuar a trabalhar com coragem, rigor e ambição. Ainda há 350 000 desempregados, dos quais 180 000 de longa duração e cerca de 70 000 jovens. Para cada desempregado a taxa de desemprego é de 100%. É por isso necessário continuar a apostar forte na dinamização da economia e na qualificação dos ativos para que o “quase” seja menos relevante.
A qualidade do emprego e o nível médio de remunerações também subiram, mas neste caso estamos ainda muito longe do que deve ser a nossa meta. Os diferenciais entre os salários mais elevados e os mais baixos é inaceitável e em muitas profissões a dificuldade de recrutamento fica sobretudo a dever-se às condições de trabalho e remuneração oferecidas.
Abordando apenas uma das múltiplas facetas da questão das remunerações, é preciso evitar que a nossa geração mais qualificada de sempre entre no mercado de trabalho com remunerações abaixo do que eram,por exemplo, as remunerações médias dos seus Pais quando deram esse passo. A sub-remuneração dos jovens qualificados provoca a emigração de quadros muitos necessários ao País e retira condições aos que optam por ficar para in iniciarem o projeto de vida com a autonomia que legitimamente ambicionam.
Recordo-me dos discursos catastrofistas quanto ao impacto que o aumento do salário mínimo teria no crescimento da economia portuguesa e na criação de emprego. A realidade mostrou que esse aumento não destruiu emprego e puxou pela procura interna de bens nacionais, melhorando todos os indicadores económicos.
De forma ponderada e rigorosa temos que percorrer um caminho similar com as remunerações médias, em particular dos jovens qualificados que entram no mercado de trabalho. O emprego será mais “pleno” se se basear no valor acrescentado e na produtividade e não nos baixos salários. Estamos no bom caminho mas é preciso acelerar.
Comentários