Primavera
2018/04/21 12:20
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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Comemoramos por estes dias a 44ª primavera da reconquista da liberdade, num momento em que continuando a haver muitas famílias portuguesas com condições de vidas difíceis, muitas cidadãos que não conseguem realizar os seus sonhos ou ver reconhecido o seu esforço e as suas capacidades e muitos serviços e ofertas sociais a necessitar de serem melhorados, Portugal vive interna e externamente um dos momentos mais afirmativos da sua história democrática e em que o respeito pelo ideal da democracia, da liberdade e do progresso atinge níveis que são motivo de orgulho para todos os que contribuíram para os consolidar.
Para todos os que por motivos profissionais ou outros, viajam para fora do País é extremamente gratificante sentir de forma direta aquilo que vai sendo reportado pela comunicação social e pelos diversos estudos e indicadores disponíveis.Portugal vive hoje um momento de grande reconhecimento internacional, e por isso mesmo este é um tempo de oportunidade para dar um novo impulso na trilogia democratizar, desenvolver, descolonizar, que inspirou os capitães de Abril.
Esse novo impulso convoca múltiplas vontades e políticas e uma leitura atualizada dos tempos que agora vivemos. Destaco duas linhas de ação que considero determinantes. A aposta na qualificação e nas novas competências e a descentralização inteligente e mobilizadora da administração pública e da sua estrutura institucional.
Portugal “na moda” permite atrair cada vez mais o interesse de investidoresnacionais e internacionais e alargar o espectro das atividades em que podemos ser globalmente competitivos.
Embora seja possível atrair quadros qualificados, no que diz respeito às regiões demograficamente mais debilitadas, sem termos uma base crítica de recursos humanos será difícil transformar interesse em investimento concreto. Qualificar as pessoas para a nova sociedade emergente e dotá-las das capacidades necessárias para criarem valor e obterem empregos sustentáveis é a mais decisiva forma de assinalar a primavera da liberdade reforçando os pilares que a sustentam.
A qualificação das pessoas, dos territórios e das instituições não pode ser abordada e resolvida com programas avulso e políticas desligadas. O compromisso de descentralização assumido pelo governo e pelo maior partido da oposição, foi uma boa nova que Abril nos trouxe e que deverá ser alargado, tanto quanto possível a todo o arco parlamentar. A sua concretização tem que começar desde já, envolvendo não apenas as estruturas formais mas os cidadãos em geral. Abril tem que começar em cada um de nós, para que a Primavera, regresse em cada anomais fecunda e livre.
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