Solnado no Planície (Uma história - uma homenagem)
2009/08/24 10:58
| Diário do Sul
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Morreu Raul Solnado, uma personalidade extraordinária, com a grandeza suficiente para partilhar com todos a mais profunda de todas as máximas – “façam o favor de ser felizes”.
Quando esta crónica for publicada já todas as homenagens terão sido feitas e já os holofotes hoje todos virados para o grande comediante e humorista estarão noutro foco de interesse ou actualidade. É pois este o tempo de prestar eu a minha singela homenagem contando uma pequena história que liga Raul Solnado à nossa terra e ao saudoso Hotel Planície.
Há muitos, muitos anos (em 1980 se a memória não me falha) fui capitão da equipa de Évora que participou no concurso “Prata da Casa” na RTP1 e que era liderado por Solnado e Fialho Gouveia, ambos já desaparecidos.
Para preparar a participação no programa, Solnado veio a Évora e a reunião de trabalho realizou-se na Pousada dos Lóios. Quando pedimos café, o mediatismo de Raul fez com que ele fosse servido primeiro que todas as senhoras presentes. Brincámos com isso e ele contou então uma história deliciosa.
Anos antes, numa digressão de província a companhia em que actuava chegou a Évora e já não encontrou alojamento disponível. Após aturadas negociações o Hotel Planície acabou por alojar a companhia com a condição de ficarem duas pessoas por quarto com cama de casal. Solnado pernoitou com Armando Cortês.
No dia seguinte, segundo contou, Solnado levantou-se cedo e veio tomar o pequeno – almoço à sala apropriada. Ao ver tão reconhecida personalidade, o solícito empregado indagou se a respectiva esposa não quereria o pequeno-almoço servido no quarto. Solnado e acedeu e pediu mesmo que “a acordasse” porque já eram horas.
Acontece que quando ainda com a bandeja na mão, o empregado chamava suavemente a esposa de Solnado, emergiu dos lençóis Francisco com o seu grande vozeirão, fazendo que com o susto o diligente funcionário tivesse entornado o pequeno-almoço sobre a pretensa esposa e fugido do quarto a sete pés, deixando Cortês a contas com um galão espalhado pelo corpo e algumas torradas, manteigas e geleias enfeitando o leito.
Solnado contou esta história hilariante para justificar a “fama” que ainda naquele tempo fazia com que em Évora ele fosse sempre servido primeiro que todas as damas! Conto esta história como Solnado a contou, acreditando que deve ter um pouco de imaginação para lhe dar sabor e graça. Mas conto-a também porque ela mostra a simplicidade e a jovialidade de alguém que partiu mas que pela sua força e grandeza humana ficará para sempre entre nós.
Solnado é um português que como diria Camões se foi da morte libertando com a coragem das armas e dos dons que lhe couberam em sorte. Morreu imortal.
Quando esta crónica for publicada já todas as homenagens terão sido feitas e já os holofotes hoje todos virados para o grande comediante e humorista estarão noutro foco de interesse ou actualidade. É pois este o tempo de prestar eu a minha singela homenagem contando uma pequena história que liga Raul Solnado à nossa terra e ao saudoso Hotel Planície.
Há muitos, muitos anos (em 1980 se a memória não me falha) fui capitão da equipa de Évora que participou no concurso “Prata da Casa” na RTP1 e que era liderado por Solnado e Fialho Gouveia, ambos já desaparecidos.
Para preparar a participação no programa, Solnado veio a Évora e a reunião de trabalho realizou-se na Pousada dos Lóios. Quando pedimos café, o mediatismo de Raul fez com que ele fosse servido primeiro que todas as senhoras presentes. Brincámos com isso e ele contou então uma história deliciosa.
Anos antes, numa digressão de província a companhia em que actuava chegou a Évora e já não encontrou alojamento disponível. Após aturadas negociações o Hotel Planície acabou por alojar a companhia com a condição de ficarem duas pessoas por quarto com cama de casal. Solnado pernoitou com Armando Cortês.
No dia seguinte, segundo contou, Solnado levantou-se cedo e veio tomar o pequeno – almoço à sala apropriada. Ao ver tão reconhecida personalidade, o solícito empregado indagou se a respectiva esposa não quereria o pequeno-almoço servido no quarto. Solnado e acedeu e pediu mesmo que “a acordasse” porque já eram horas.
Acontece que quando ainda com a bandeja na mão, o empregado chamava suavemente a esposa de Solnado, emergiu dos lençóis Francisco com o seu grande vozeirão, fazendo que com o susto o diligente funcionário tivesse entornado o pequeno-almoço sobre a pretensa esposa e fugido do quarto a sete pés, deixando Cortês a contas com um galão espalhado pelo corpo e algumas torradas, manteigas e geleias enfeitando o leito.
Solnado contou esta história hilariante para justificar a “fama” que ainda naquele tempo fazia com que em Évora ele fosse sempre servido primeiro que todas as damas! Conto esta história como Solnado a contou, acreditando que deve ter um pouco de imaginação para lhe dar sabor e graça. Mas conto-a também porque ela mostra a simplicidade e a jovialidade de alguém que partiu mas que pela sua força e grandeza humana ficará para sempre entre nós.
Solnado é um português que como diria Camões se foi da morte libertando com a coragem das armas e dos dons que lhe couberam em sorte. Morreu imortal.
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