La Palisse e as reformas
2015/02/07 20:25
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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Toda a vida fui reformista. Acredito que
as sociedades devem ser animadas de um sentido de evolução transformadora tendo
por referência um conceito de progresso.
O progresso das luzes, traduzido na promoção
da igualdade, da liberdade e da fraternidade. O progresso na afirmação do
indivíduo enquanto ser social através da dignidade e da felicidade. A afirmação
do Homem enquanto parte do todo, através da convivência sustentável das
múltiplas formas de vida que existem no nosso planeta.
Como reformista sempre defendi a
necessidade de Reformas (O Sr. Jacques de La Palisse não diria melhor). Defendi
a necessidade de ciclos reformistas conjunturais e estruturais no passado e defendo
agora a necessidade de dinâmicas reformistas sistémicas adequadas aos tempos de
complexidade global, resultante da emergência da sociedade da informação e do
conhecimento.
Os teóricos e os práticos das políticas
de consagração das desigualdades espoliaram aos progressistas o conceito de
reforma estrutural e encheram-no de lama! Exigem mais e mais reformas
estruturais, mas quando vamos ver o detalhe dessas reformas, destacam-se dois
movimentos liberalizadores. A liberalização dos mercados de capitais e a
liberalização dos mercados de trabalho, para que o poder regulador dos Estados
e das instituições feneça e o poder dos mais fortes se imponha.
A moribunda Troika diz que o Governo
português só fez 36% das reformas estruturais com que se comprometeu. Significa
isto que só cumpriu 36% do programa de empobrecimento e desigualdade que
aceitou alegremente pôr em prática de forma sempre aditivada. Imaginem como
estaríamos se tivesse cumprido 100%.
Por mim, acho que o Governo Passos/Portas
não fez nenhuma reforma estrutural e que o próximo governo do PS vai ter que
fazer reformas estruturais a sério. Uma reforma de capacitação da administração
e das instituições públicas. Uma reforma da justiça e da regulação. Uma reforma
do modelo de especialização produtiva. Uma reforma (no sentido de retirada de
circulação ativa) dos processos burocráticos não essenciais e que emperram a
produtividade e a competitividade das empresas.
São estas reformas que conduzem ao
crescimento e é o crescimento que permite solver as dívidas e equilibrar as
contas. O resto é terra queimada. Voltando a La Palisse e agora citando literalmente
a suposta expressão que o tornou famoso, com as políticas deste governo, “só
ainda não estamos mortos, porque estamos vivos”!
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