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Novo Ciclo




 

As portuguesas e os portugueses decidiram em 4 de Outubro retirar a confiança absoluta para governar à coligação PSD/PP, mas não transferiram essa confiança para o PS. No Alentejo, em contraste, uma forte maioria de eleitores confiaram no PS.

 

 Na primeira crónica que escrevo depois das eleições legislativas, saúdo todos os eleitores que usaram o seu direito democrático e felicito os vencedores, com enfase particular para a constatação de que mais uma vez o Alentejo reconheceu o PS como o Partido do Alentejo e dos Alentejanos.

 

Considero que as eleições de 4 de Outubro foram as últimas que se realizaram com base nas dicotomias tradicionais emergentes da Revolução de Abril. Na minha perspectiva, vencedores e vencidos pela vontade popular terão que renovar o seu discurso, as suas propostas e a sua forma de se inserirem na sociedade.

Falando do PS, representante da grande corrente histórica social-democrata e humanista, a questão não se coloca apenas no quadro nacional. É visível a necessidade de sincronização das suas mensagens com os desafios dos tempos modernos, designadamente os desafios da sociedade digital, das alterações climáticas e das migrações em massa.

Ao longo da campanha falei com muita gente. Por vezes, quando a conversa se aprofundava um pouco, questionava sobre referências. Mandela (infelizmente já desaparecido), Delors ou Francisco foram os nomes que ouvi mais citados.

Pensar nestas figuras maiores como referências para o desenho duma nova visão mobilizadora para a esquerda humanista é um exercício interessante. O que significam Mandela, Delors e Francisco? Tolerância, preocupação com as pessoas, vontade de combater as desigualdades e reduzir a pobreza. Consciência dos desafios ambientais. Visão, liderança e capacidade de comunicação pelo exemplo.   

No momento em que escrevo estas linhas, está agendado para depois das eleições presidenciais um Congresso electivo do Partido Socialista. Essa marcação, face aos resultados de 4 de Outubro, é um acto de grande maturidade política e uma enorme oportunidade de debate e reflexão.

A escolha para o PS é complexa mas importante para o Partido e para a sociedade portuguesa. Quer o PS ser a casa comum da esquerda ou ser o partido da modernidade e das novas causas progressistas na sociedade em mudança? A experiência mostra que o PS tem tido mais aceitação dos portugueses quando se abre às causas da modernidade aplicando-lhe a sua matriz e os seus valores. O Congresso é soberano. Para um grande partido como o PS, o dia da derrota é o primeiro dia de preparação da vitória seguinte.

Começou um novo ciclo na vida política portuguesa. Tudo estará em reconfiguração. Tenho grande esperança que no fim do processo estejamos mais fortes, mais solidários, mais tolerantes e mais preparados para os desafios do século XXI.
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