O título deste texto é extraído da comunicação institucional da Comissão Executiva da candidatura de Évora a Capital Europeia da Cultura 2027. É bom que os promotores acreditem, já que a concorrência vai ser forte, e que ao mesmo tempo também “andem fazendo” algumas coisas. O debate realizado dia 9 de maio, dia da Europa, com os laureados com o Prémio Pessoa, intitulado “uma conversa sobre beleza, humanidade, sustentabilidade e ciência”, foi uma iniciativa muito meritória.  

A grande mais valia de uma candidatura ao galardão de ser Capital Europeia da Cultura é o seu potencial mobilizador e agregador, não apenas dos atores da cidade oudos atores da cultura, mas de todos os que se relacionam com ela numa perspetiva de afirmação cultural, o que espraia a candidatura por múltiplos territórios, múltiplos saberes e múltiplos espaços de criatividade e inovação e criação de valor, emprego e novas oportunidades de desenvolvimento.

Mais importante que a verba diretamente alocada à candidatura vencedora, será a concretização do plano de ação a ela associado. Um plano de ação que poderá começar desde já a configurar candidaturas com uma perspetiva alargada nos vários domínios do Programa de Recuperação e Resiliência ou nos quadros plurianuais de financiamento de base regional, nacional ou comunitária.

Embora ninguém concorra a uma nomeação com o prestígio de ser Capital Europeia da Cultura para perder, mesmo os não ganhadores poderão tirar vastos benefícios do processo de formulação e investimento nas bases da candidatura e na oportunidade de prosseguirem a sua carteira de projetos, mesmo que eventualmente sem o selo de prestígio que só será atribuído a uma das 10 cidades concorrentes.

Aproximam-se eleições autárquicas. Da dinâmica do próximo executivo municipal e da sua capacidade de envolver os outros municípios da região no processo e ser um acelerador da parceria que apoia a candidatura, vai depender em larga medida o êxito ou o insucesso do sonho em que a Comissão Executiva da Candidatura anda acreditando.

É tempo de irmos debatendo o assunto não apenas nos fóruns culturais, mas na sociedade local e regional, nas escolas, nos cafés, nos clubes, nas tertúlias. Espero que as candidaturas autárquicas sejam explícitas na sua visão estratégica para fazer de Évora a Capital Europeia da Cultura 2027 e que isso gere um saudável confronto público de perspetivas e prioridades. Porque todos precisamos de razões para acreditar.