O Vinho e o "Toque de Midas"
2015/11/28 12:30
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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Participei recentemente em mais uma reunião da
Confraria dos Enófilos do Alentejo e no evento de anúncio e entrega dos prémios
dos melhores vinhos engarrafados do Alentejo. Pela quantidade das candidaturas
e pela qualidade das amostras (premiadas e não premiadas) pude verificar que os
nossos vinhos continuam a progredir na sua qualidade, a conquistar mercados e a
afirmar a identidade dinâmica da nossa região.
Na semana anterior tinha tido o grato prazer de
juntar em Bruxelas alguns dos protagonistas mais importantes do enorme sucesso
que foi e continua a ser Reguengos – Capital Europeia do Vinho 2015, numa
candidatura formulada executada com enorme profissionalismo e capacidade de
associar a imagem de Reguengos, à imagem da Região e do País, partindo do vinho
para uma visão alargada da sua oferta turística de elevada qualidade.
Na capital belga e europeia, ferida pelo medo e
pela tristeza, o vinho foi um símbolo de como o local se pode cruzar com o regional,
o nacional, o europeu e o global. O testemunho de Reguengos será passado em
2016 a uma região italiana (Conegliano – Treviso), mas ficará gravado em todos
quantos através do Vinho e de tudo o que a ele foi associado conheceram a terra
e as suas gentes.
O vinho faz parte do património cultural e da
identidade de muitas regiões do mundo e de muitas regiões europeias e
portuguesas em particular. Em certa medida, o vinho é todo igual na medida em
que resulta da fermentação das uvas, mas sabemos que não existem dois vinhos
iguais, nem mesmo duas pipas ou duas garrafas iguais. O terreno, o clima, a
técnica, a casta, o engarrafamento, o transporte, a armazenagem, o momento de
abertura e as circunstâncias de consumo, entre outras variáveis, fazem do acto
de beber um vinho uma experiência irrepetível.
E no entanto, por exemplo na prova de vinhos
alentejanos que ocorreu na Embaixada de Portugal em Bruxelas por ocasião da
visita antes referida, cada vinho e cada copo na sua singularidade, era ao
mesmo tempo um símbolo dos Vinhos do Alentejo, de Portugal, da Europa e do
Mundo.
Baco, descobriu segundo a mitologia grega o poder
inebriante do vinho e isso conduziu-o por aventuras que este espaço não chega
para contar. Foi Baco quem concedeu a Midas o poder de transformar tudo o que
tocava em ouro. Que o vinho, partilhado com moderação, ajude pela sua
simbologia a tocar e a unir o coração dos povos. Todos diferentes. Todos
iguais.
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