Gaia (Terra Mãe) e Nós
2015/08/07 19:19
| Fazer Acontecer, Visto do Alentejo
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Com o passar dos anos todos
mudamos. A idade traz-nos a serenidade no olhar e ensina-nos a respirar e a
sentir a experiência maravilhosa da vida. Aprendemos a discernir melhor aquilo
que é fundamental daquilo que não passa de espuma dos dias. Os valores
reforçam-se e as escolhas sedimentam-se. Compreendemos mais profundamente o
sentido dos valores da liberdade, da igualdade, da fraternidade, da justiça e
da tolerância. Aceitamos melhor a diferença. Valorizamos mais a ética e a
coerência moral.
Nos últimos anos a minha
curiosidade intelectual e cívica levou-me a tentar compreender melhor o
indivíduo enquanto protagonista e destinatário de toda a transformação social.
Entendi que o foco último das políticas e das transformações deve ser a
dignidade e a felicidade das pessoas integradas em comunidades abertas e
viáveis. Sobre a dignidade e a felicidade escrevi livros e ensaios. Acredito
que estes princípios farão a diferença nos projetos políticos mobilizadores do
futuro próximo.
A experiência vivida no último
ano, trabalhando num plano mais global, despertou – me para o polo complementar.
Para Gaia – a mãe terra. Tenho hoje a convicção profunda que a dignidade e a
felicidade dos homens está profundamente interligada com o respeito e a
preservação da natureza e do ambiente em que vivemos.
Não haverá uma relação automática
mas existe uma correlação óbvia. Quanto menos a dignidade e a felicidade das
pessoas está no centro das políticas, mais estas se tornam predadoras dos recursos.
Não faltam exemplos por esse planeta fora que ilustram esta triste realidade.
Vale por isso a pena cada vez
mais lutar por um novo ciclo, em que as politicas se desenvolvam tendo em conta
que o que é bom para Gaia é bom para as pessoas, sobretudo na dimensão da
realização e da procura dum sentido para a vida.
Acredito que a mobilização cívica
para a mudança passa pelo cruzamento destas duas dimensões. A dignidade e a
felicidade dos indivíduos, socialmente integrados e vivendo em comunhão com a
natureza, cabendo a cada um em função das suas crenças delimitar a dimensão
material (e espiritual) dessa natureza. A sua casa, a sua rua, a sua terra, o
seu país, o seu planeta, o cosmos … o que cada um sentir como sendo a casa em
que vive.
Mas que sentido fazem estas
reflexões em pleno “sprint” eleitoral? Para mim fazem todo o sentido. São mesmo
o sentido que me continua a dar força para lutar todos os dias por um mundo
melhor, em que a dignidade, a felicidade e o respeito pelo ambiente substituam
no coração da política os “slogans” gastos dos vendedores de ilusões.
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