Debates sobre o Território
2015/07/18 12:55
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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Tenho vindo a promover nos últimos meses
em várias bibliotecas públicas da Região e do País (incluindo as Ilhas) e na
qualidade de Deputado Europeu, um conjunto de sessões em articulação com os Municípios,
intituladas “ZTalks – Diálogos sobre a Europa e o Futuro).
Pelo caracter e beleza dos espaços
escolhidos para esta iniciativa e pela qualidade dos oradores que tem sido
convidados pelas organizações locais, a verdade é que abrindo eu as sessões com
um forte apelo de mobilização para que juntos possamos recolocar a União
Europeia na linha humanista e solidária que presidiu à sua formação e
desenvolvimento, o debate sobre como conseguir esse objetivo desemboca naturalmente
nas questões do território e das apostas locais.
Esses debates permitiram-me aprender
muito, recolher sugestões e propostas que me responsabilizam no exercício do
meu mandato e tirar algumas conclusões intercalares.
Verifiquei por exemplo, que ao contrário
do País e mesmo nesta fase ao contrário da União Europeia, os territórios têm
estratégias claras e bem definidas, Sabem o que querem e para onde iriam se
conseguissem.
Dito isto vale a pena abordar o
condicional. Porque escrevi “para onde iram” em vez de ter escrito escrever “para
onde vão”? Afinal estou a falar de territórios normalmente coincidentes com uma
dimensão municipal ou intermunicipal e portanto com graus de autonomia estratégica
significativos.
A questão é que se os territórios por si
têm uma estratégia, a articulação da sua estratégia com as opções dos
territórios contíguos e frágil, quando não competitiva, e não existe por parte
das instituições regionais ou do governo um esforço de agregação em
complementaridade dos vários esforços e potenciais.
Não
existe pelo menos numa visão transversal e mobilizadora. Temos estratégias de
turismo, mobilidade e mais duas ou três, mas uma ideia de País no quadro do
mundo e da Europa, dando sentido aos esforços dos diversos patamares
territoriais é algo que este Governo não tem.
Gostemos ou não, quem nos governa tem
uma mensagem financeira. Falta-lhe tudo o resto. E isso tem custos financeiros
(e muitos outros) extremamente elevados. Termos ainda energia nos territórios é
uma boa notícia. Vê-la desperdiçar-se parcialmente pela ausência de um catalisador
político, só aumenta a minha convicção de que precisamos mesmo de uma
alternativa de confiança.
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