Bons Ventos - A mudança politica na UE
2015/02/21 17:41
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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Atribui-se a Séneca a constatação sábia
de que “Só tem bons ventos quem sabe
qual o Porto a que se dirige”. A Nau Europeia já muito fragilizada perdeu-se no
mar encarapelado da escolha radical e populista dos Gregos, mas pouco a pouco
vai dando sinais de se dirigir a bom Porto. Ao Porto da Europa económica e social
preconizada pelos Partidos da esquerda moderada da família dos Socialistas e
Democratas (S&D).
Na noite das eleições gregas uma enorme
comoção e alegria invadiu todos aqueles, que como eu, descreem que a
austeridade e o empobrecimento sejam uma solução para a crise europeia e uma
opção para o futuro coletivo da União.
O
acordar na manhã seguinte foi menos festivo. Uma aliança dos vencedores do
pleito democrático na Grécia com os nacionalistas de direita e um conjunto de
medidas populistas estritamente provocatórias para o Eurogrupo, fizeram temer o
pior.
Passadas as primeiras semanas duma
dialética saudável e necessária para acordar as Instituições Europeias, todos
os sinais indicam que a nau se encaminha para bom Porto. Um Porto que foi sendo
pacientemente construído pelos socialistas e democratas europeus, defensores
duma indexação do pagamento das dívidas ao crescimento, do regresso ao
Investimento Estrutura, da Flexibilidade Orçamental, do completar da União
Económica e Monetária, da coresponsabilização da banca através da União
Bancária e do reforço do papel do Banco Central Europeu.
Depois da mudança política na Grécia nada
voltará a ser igual, por muito que em Portugal os saudosistas da punição
continuem de faca em riste para fazerem a única coisa que sabem. Cortar
salários, investimentos sociais, direitos legítimos, sonhos e esperanças.
Com uma lucidez que sempre lhe reconheci
(e que me levou a votar favoravelmente na sua eleição para Presidente da Comissão
Europeia) Jean Claude Juncker reconheceu a insanidade do tratamento dado aos
povos da Irlanda, Portugal e Grécia. Todos louvaram a humildade intelectual do
então presidente do Eurogrupo. Todos não! Passos Coelho e Maria Luís acham que
ainda foi pouco.
Estes episódios não nos devem no entanto
afastar do essencial. A Europa já não é o que era. Agora a receita do
crescimento sustentável está cada vez mais no centro da resposta à crise europeia,
substituindo a falhada receita liberal da austeridade empobrecedora.
O PS ajudou nos últimos anos a afirmar
na União Europeia a política com que vai governar a partir de Outubro. O povo
diz que “Ele” não dorme, e se o povo o diz assim será, porque em democracia o
povo é quem mais ordena!
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