O Falhanço da Coligação (e como fazer diferente)
2015/08/26 10:04
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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Ao contrário daquilo que o Governo proclama, não ocorreu na legislatura
que agora se esgota nenhuma reforma estrutural na economia ou na sociedade
portuguesa. Foram quatro anos perdidos de sofrimento e empobrecimento.
A austeridade, foi uma estratégia de maquilhagem, que ajudou sobretudo
a transferir recursos das pessoas para os grupos de interesse e que não
contribuiu para resolver nenhum dos problemas de fundo do nosso País.
Assim que por razões eleitorais o governo afrouxou algumas políticas de
austeridade, destapou-se o que já era evidente para os que compreendem com
alguma profundidade os mecanismos da economia. Os frágeis e injustos
equilíbrios conjunturais desmoronaram-se como um castelo de cartas.
Durante a legislatura que agora termina o governo encolheu a economia,
encolheu o capital social do País, empobreceu a maioria das pessoas, mas não
favoreceu nenhuma mudança positiva na estrutura económica do País. Em
consequência, assim que afrouxou um pouco o garrote da austeridade, os
desequilíbrios reapareceram, em particular os desequilíbrios da balança
externa.
A opção do Governo foi descrita como uma estratégia de oferta de baixo
valor. Em síntese, o Governo apostou em quebrar o rendimento das famílias e o
emprego para baixar salários e gerar excedentes de baixo valor acrescentado para
exportação. Uma estratégia de empobrecimento puro e duro.
Os setores mais bem-sucedidos na economia portuguesa foram aqueles que
não seguiram a estratégia do governo, o que mostra bem o rotundo falhanço da
coligação.
Na sequência desta estratégia económica baseada na oferta de baixo
valor acrescentado, não basta contrapor uma estratégia baseada na procura,
porque como vimos essa operação só por si desequilibra a balança comercial.
O caminho necessário para Portugal são as reformas estruturais que
ficaram por fazer e que com a mudança política em Outubro poderão finalmente
ocorrer.
Em concreto, o quadro macroeconómico apresentado pelo PS descreve um
modelo viável de reformas estruturais e de mudança de patamar competitivo,
embora tenham que ser mais desenvolvidas, no quadro da sua aplicação em concreto,
as políticas de qualificação das pessoas e de incentivo à inovação de processos
e produtos, por parte das empresas e dos empreendedores.
Essa deve ser aliás a principal prioridade do quadro comunitário de
apoio Portugal 2020, associado a uma reforma da administração pública que
permita criar um contexto favorável à subida da nossa economia nas cadeias de valor.
Só com essa subida é possível gerar crescimento sustentável e criar emprego
qualificado, induzindo condições para um aumento estrutural do valor das
exportações e da procura interna, permitindo assim que as pessoas vivam melhor
e sejam mais felizes em Portugal.
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