A Política como Solução ("O caso português")
2017/05/14 09:28
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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Sei que o este texto é contra a corrente. Há cada vez mais pessoas que atribuem à política a razão de todos os males. A reação contra a política atinge o coração dademocracia, regime em que ela atinge a sua nobreza plena, e dá fôlego aos autoritarismos e aos radicalismosbaseados na manipulação ou no alheamento das massas. É por isso fundamental, mesmo contra a corrente, recuperar a política e a sua força e centralidade nas sociedades democráticas.
O exemplo da forma como foi constituído e tem funcionado o atual governo português tem sido objeto de vários estudos e análises mais ou menos empíricas, um pouco por todo o mundo e suscita uma curiosidade crescente entre os observadores dos fenómenos políticos. Tem permitido também ganhos visíveis nas condições de vida de muitas pessoas, como os recentes indicadores económicos e sociais demonstram. Estes dados dão credibilidade e visibilidade ao já designado “caso português”.
Depois de quatro anos de um governo em que os números contaram mais que as pessoas, a vontade de inverter a equação foi o cimento que permitiu constituir a maioria que tem assegurado a governação em Portugal.
Muitos dizem, e é um facto, que os programas políticos do PS, PCP, BE e Verdes são incompatíveis em muitas coisas, designadamente na relação do País com o projeto europeu ou na organização da sociedade em geral e da economia em particular.
Numa coisa contudo, os quatro partidos da maioria parlamentar estiveram e continuam a dar mostras de estarem de acordo. A governação tem que ser focada não no uso das pessoas para cumprir indicadores, mas em atingir indicadores mobilizando e beneficiando em simultâneo as pessoas.
Foi esta ideia simples que permitiu constituir a solução política alternativa em Portugal e demonstrar que ao contrário do que muitos proclamaram, é possível integrar um espaço de paz, liberdade e cooperação como é a União Europeia sem nos submissão à cartilha neoliberal da supremacia dos mercados e do efeito regenerador do empobrecimento.
A partir desta ideia, o governo focou-se em melhorar de facto as condições de vida e as perspectivas de futuro da maioria dos portugueses, não se perdendo em fogachos retóricos, nem fugindo ao confronto de ideias e prioridades quando necessário.
Esta prática tem sido um exemplo e uma esperança não apenas para Portugal, mas para a União Europeia e para o mundo em mudança. Não que a solução possa ser copiada. Cada realidade é uma realidade. Mas porque a solução está a ser estudada e demonstra que a política, quando as escolhas são corretas, é a boa solução.
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