Alternativas
2015/06/13 22:22
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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Escrevi na crónica anterior sobre as alternativas políticas em Portugal. Neste texto vou reflectir um pouco sobre as alternativas no mundo. Não é uma tarefa simples. Os factores de complexidade na geopolítica global são brutais e qualquer previsão é pouco mais do que um exercício intuitivo (no meu caso) ou dedutivo para quem é mais dotado para essa forma de pensar.
Nas últimas semanas tenho participado devido às minhas funções no Parlamento Europeu em diversos fóruns de debate global, designadamente na Assembleia Parlamentar Europa – América Latina, no debate no Parlamento Europeu sobre diversas parcerias incluindo a Parceria Transatlântica Europa – Estados Unidos (ainda que o debate em Plenário tenha sido adiado para Julho) e na Assembleia Parlamentar Europa – África, Caraíbas e Pacífico.
As alianças e as parcerias estão em plena recomposição. Em diversos espaços os resultados eleitorais dão resultados contraditórios. A maioria laica no Parlamento Turco é um dado maior, tal como é significativa a resiliência do Neoliberalismo na Europa, uma das zonas do globo que é absolutamente perdedora, em resultado da desregulação e da predominância das finanças sobre as pessoas.
Olhando com curiosidade mas também com vontade participativa para este quadro múltiplo e tendencialmente reflectido num modelo de dinâmica quântica, encontrar o bater de asas primordial é tarefa difícil.
Porque será que as desigualdades crescentes não conduzem a uma revolta dos povos? Porque será que os pobres ainda com algum dinheiro continuam a comprar as revistas que contam as histórias dos que estão do outro lado do fosso? Será porque sonham que um dia também poderão ser ricos? Será esse o motor que mantém a direita conservadora à tona no meio do naufrágio de tanta gente?
É provável e legítimo que assim seja, mas se assim for então a esquerda progressista tem que encontrar também o seu sonho partilhado. O sonho da felicidade face ao sonho da riqueza absoluta e contrastante com a pobreza da maioria.
Esta nova esquerda global não pode ser uma esquerda agressiva, arrogante, frustrada, destrutiva. Tem antes que desenhar a sua própria narrativa alternativa, baseada num mundo construído a partir de comunidades viáveis, sustentáveis, abertas, tolerantes e justas.
O nosso sonho é sermos ricos como os ricos ou felizes como os felizes, sabendo que nem todos podem ser ricos, mas que todos podem aceder à dignidade que lhe abre as portas da felicidade? O nosso sonho é um mundo de desiguais ou um mundo de indivíduos com espaço para se realizarem respeitando planeta e a dignidade dos outros?
Qual é a tua alternativa? Qual é a nossa alternativa? Que mundo tu queres? Que mundo nós queremos? Também destas escolhas maiores dependem os votos que no dia-a-dia expressamos. O sentido da vida … em alternativa.
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