Sr. Rui
Sr. Rui é como o tratam os que com ele privam mais de perto e como o retrata José Luis Peixoto no Romance Biográfico “Almoço de Domingo” editado pela Quetzal por ocasião do nonagésimo aniversário do Comendador Manuel Rui Azinhais Nabeiro.
No dia do aniversário, em 28 de março, numa breve homenagem que lhe quis prestar nas minhas redes sociais, contei um episódio que agora aqui retomo com maior detalhe. Estávamos em 1997 e eu tinha sido recentemente nomeado encarregado de missão para presidir ao PROALENTEJO, que nos seus vários sub - programas e ações integradas mobilizou à época 480 milhões de contos.
Para me preparar para a tarefa conversei com muita gente na região e entre eles, como não podia deixar de ser, com o Comendador Rui Nabeiro. Foi uma experiênciamemorável, como algumas outras que tive o privilégio de com ele viver. Por esse diálogotambém passaram as múltiplas ofertas que ele tinha então para vender por valores muito tentadores a Delta Cafés e a sua determinação em não permitir que a empresa deixasse de ser um exemplo de qualidade e competitividade ao serviço da economia, da região, da sua terra e dos que com ele a ajudaram a crescer e vencer.
No final da conversa agradeci os conselhos recebidos e desabafei que se pudesse usaria o envelope do programa para clonar quatro empresários ou empresárias com a têmpera e os valores de Rui Nabeiro e espalhá-los pelo território, e assim ficaria seguro do seu sucesso. Não clonei porque não era possível. O programa financiou muitos dos investimentos que são hoje estruturais no Alentejo, de que o Alqueva é o maior exemplo, e o Grupo Delta cresceu e continuou a mostrar que com conhecimento, humildade e talento é possível a partir da raia conquistar o mundo.
Alguns anos antes, convidado pelo IAPMEI a escrever um livro e conceber um vídeo pedagógico sobre a importância da gestão da informação nas empresas, ouvi abismado como antes da internet, das bases de dados e dos programas integrados de gestão, eleexplicou como os seus vendedores já nessa altura ao receberem uma encomenda, estivessem onde estivessem, a comunicavam de imediato pela rede telefónica à fábrica,ganhando assim uma vantagem preciosa na gestão da cadeia de valor. Usavam na altura uns equipamentos que hoje são arqueologia tecnológica, mas a visão e a antevisão do futuro já estavam em toda a sua plenitude na cabeça de Rui Nabeiro.
Ao longo das últimas décadas, na bola, na cidadania política, no exercício de funções públicas, tive o privilégio de conhecer um grande homem e um grande alentejano a quem deixo um obrigado sentido e pleno de gratidão.