Juntos Venceremos
Sempre evitei dar palpites sobre a pandemia e a sua evolução. Reconheço que face aos dados técnicos, com diferentes perspetivas e ângulos de abordagem, compete ao poder político democraticamente legitimado fazer a ponderação e definir as medidas a aplicar nos diversos planos. A ele compete também avaliar os resultados, assumir as responsabilidades e promover as mudanças de trajetória necessárias.
Foi o que aconteceu antes das festas. Desconhecendo o perigo potencial das novas estirpes, os representantes políticos convergiram numa prática que o tempo veio a revelar inadequada. Foi, segundo a fidedigna e pública informação do Presidente da República uma confluência geral, em que as poucas discordâncias ocorreram no sentido de uma maior abertura e não de um confinamento mais rígido.
Choca-me por isso assistir agora ao corrupio de “prognósticos depois do jogo”. Revelam falta de humildade e falta de sensibilidade com a dor e o receio que atravessa toda a sociedade portuguesa. Apelo a que olhemos em frente e nos constituamos, cada um de nós, na medida das suas possibilidades, num protagonista da solução.
Na sua alocução ao país, aquando da renovação do estado de emergência, o reeleito Presidente da República partilhou uma mensagem bem clara - “é tempo de fazermos todos mais e melhor” e com o nosso esforço até março, criarmos condições para que se possa respirar melhor na Primavera. Uma verdade para Portugal, mas que com mais ou menos pressão se coloca em toda a Europa e em grande parte do mundo.
Sei que este texto escrito por alguém que assume um lugar de representação política e milita no Partido que assegura a governação pode parecer um alijar de responsabilidades. Não é. Afirmei recentemente em vários fóruns públicos que vistos à posteriori os resultados, é evidente que foram feitas escolhas políticas erradas, da mesma forma que se torna claro que o cansaço pandémico levou a que muitos portugueses e portuguesas se tivessem focado mais nas exceções do que nas restrições anunciadas.
Chegados onde chegámos, no momento em que escrevo este texto, as margens para dúvida estão reduzidas. Salvar vidas e manter à tona o Sistema de Saúde tem que ser a prioridade maior. Para isso precisamos de todos. Todos, embora com competências e responsabilidades diferentes, somos agora parte da linha da frente. Quando falha um falhamos todos. Quando um se transcende, somos todos nós que nos transcendemos.
E se assim conseguirmos ser, solidários, conscientes, empenhados, mobilizados e comprometidos, podemos proclamar um slogan estafado, mas que agora faz mais sentido que nunca. Juntos venceremos.