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A vitória do Medo (A direita não dá abébias)




 

O Partido Conservador venceu com maioria absoluta as eleições no Reino Unido. Foi uma vitória democrática, conseguida num sistema eleitoral discutível mas democrático e que lhe atribui em plenitude um mandato democrático de governação. 

 

Acredito que os meus leitores estranhem que num só parágrafo tenha sublinhado três vezes o caracter democrático da vitória dos conservadores. Faço-o para poder seguidamente utilizar, ao reconhecer sem reservas a democracia da escolha, o meu direito democrático de qualificar e analisar os resultados. A vitória dos conservadores no Reino Unido fintou as previsões e as sondagens e atingiu a dimensão que atingiu, porque o medo de mudar venceu o desejo de mudança.

 

Na campanha eleitoral assistimos a uma pressão brutal da imprensa e das forças da direita neoliberal jogando todos os trunfos – o trunfo da secessão, o trunfo da instabilidade, o trunfo da soberania e até o trunfo da autonomia no controlo das fronteiras.

 

 De alguma forma, a narrativa neoliberal tem vindo a conseguir que os eleitores interiorizem que votar à direita é natural e votar à esquerda é perigoso. No Reino Unido esta receita deu resultado e as consequências estão à vista.

 

Nos próximos anos a União Europeia viverá coxa, com uma grande potência com um pé fora e outro dentro, e com uma parte de si mesma (A Escócia) pronta a substituir o todo, se ele decidir sair da União. Este contexto vai aliás levar em minha opinião a que também por medo, a maioria dos ingleses opte por continuar na União Europeia na sequência do prometido referendo.     

 

O neoliberalismo é uma rede entranhada entre os interesses económicos e financeiros e a sua representação política. Em contrapartida, as forças do centro esquerda não têm conseguido consolidar uma rede alternativa. Cameron contou com o apoio mais ou menos encapotado da sua família de interesses. Miliband pelo contrário pelejou sozinho, com alguma esquerda europeia a acusá-lo de ir longe de mais nos valores e propostas que defendeu e outra a considerá-lo frouxo e pouco ousado. Dividida, a esquerda deixou-se derrotar pelo medo dos cidadãos que querem optar por narrativas fortes e consistentes.

 

O quadro político em que se vão disputar as eleições na Península Ibérica é muito diferente daquele em que se disputaram as eleições inglesas. Mas as forças do medo também aqui se farão sentir. O desejo de mudança vai-se confrontar com as ameaças e os fantasmas dos que estão agarrados aos interesses como lapas. É preciso por isso aprender a lição. A direita não dá abébias. A esquerda se quer ganhar também não as pode dar.

 
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