A Terceira Globalização
2014/11/15 15:20
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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Deus criou o Universo. O Homem criou o mundo. Os Portugueses
criaram a primeira globalização. A Europa liderou a segunda globalização em que
ainda estamos. Infelizmente já não lidera.
Temos a energia mais limpa, mas também a mais cara
do Planeta. Temos o modelo social mais desenvolvido mas também o mais oneroso.
Temos o sistema científico mais robusto mas também o que menos cria riqueza e
emprego por unidade de investimento. Temos o maior repositório de informação,
mas também o mais desaproveitado em termos de utilização para a oferta de
produtos e serviços.
Perante este facto, os acomodados ou os protegidos
defendem o desarmamento da identidade europeia. O apagamento da história e dos
valores em nome dum nivelamento contabilístico, sem colocar o bem-estar e a realização
das pessoas como a variável chave da equação.
Se a energia é cara destrua-se o ambiente para a
tornar barata. Se o modelo social onera os custos acabe-se com ele ou faça-se
apenas uma caricatura barata. Se a ciência não dá lucro imediato asfixie-se a
ciência. Se temos informação que outros usam e nós não, ergamos muros e
barreiras para nos iludirmos com a falsa segurança e protecção.
Este caminho não nos leva a lado nenhum. Ou antes,
leva-nos ao empobrecimento, à destruição da classe média, ao aumento das
desigualdades, da pobreza e da exclusão.
A Europa (e Portugal) só tem um caminho. Serem a
semente e o laboratório de uma nova globalização em que os valores humanistas,
voltem a ser fatores de competitividade.
Uma globalização centrada nas pessoas, na
qualidade de vida, nas comunidades sustentáveis e numa nova combinação
inteligente de saber e tecnologia para colocar a energia e a informação ao
serviço do Homem.
Ou nos adaptamos e sucumbimos numa realidade
iníqua ou transformamos essa realidade, fazendo com que os objectivos, as
prioridades e as condições de sucesso sejam diferentes.
Por isso caros amigos que comigo partilham estas
reflexões, temos que ser capazes de dar início a uma nova era de abertura e
progresso.
Chamar-lhe-ão muitos nomes. Terceira globalização
é apenas um dos nomes possíveis. Ou terceira revolução industrial como lhe
chama Rifkin? Socialismo 2.0 à moda de Tapscott? Globalização 3.0 para seguir a
tendências da grafia digital?
Tenha o
nome que tiver, importa mais a "coisa" do que o seu nome. Mas a
"coisa" importa mesmo.
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