Esperança 1 Austeridade 0
2012/05/08 10:31
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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Escrevo este texto no rescaldo das eleições francesas, que coincidiram num fim-de-semana em que a esquerda venceu também as locais inglesas, as regionais alemãs e foi maioritária no vulcão político grego.
A vitória de François Hollande não é apenas uma mudança política na quinta maior economia do mundo e na segunda maior economia da UE. Ela traduz mais um passo naquilo que cada vez mais se configura como a Maldição de Merkel.
Todos nos recordamos do dia fatídico em que para tentar vencer uma eleição regional (que perdeu) a Chanceler quebrou a solidariedade financeira europeia e importou para a Europa a derrocada financeira do “sub-prime” americano.
Desde essa altura, caíram lideres e governos, perderam-se milhões de empregos e a Europa tornou-se um espaço de pesadelo económico e social, excepto na Alemanha, onde embora haja ainda algum crescimento e mais emprego a Chanceler continua a perder sistematicamente todas as eleições locais e regionais.
Com a vitória de Hollande, Merkel e as instituições europeias voltaram a dar prioridade discursiva ao crescimento e ao emprego. É preciso passar agora das palavras à prática.
A grande diferença com os resultados eleitorais de 6 de Maio é que o quadro político obriga a que isso aconteça. Um quadro político marcado também pelo fracasso dos resultados dos novos governos de direita de Inglaterra e da Espanha, da crise Holandesa ou da anarquia Grega. Mas um quadro político marcado também pelo estranho seguidismo de Portugal em relação à receita do Eixo Merkel - Sarkosy agora desfeito.
Neste contexto importa sublinhar a acção proactiva e determinante posta em prática pelos socialistas portugueses. Tendo sido Portugal por capricho da direita que nos governa, o primeiro País a votar no Parlamento o novo Tratado Orçamental, também foi o PS o Partido que em Portugal, em Bruxelas, em Roma e em Paris lançou o desafio do ato adicional, que Hollande incorporou no discurso e vai ser o pilar da mudança desejada duma Europa da recessão, para uma Europa do crescimento e do emprego.
Um ato adicional que incorpore a solidariedade financeira, a convergência fiscal e o controlo da especulação dos mercados e dê de novo á Europa o direito à esperança e o sentido humanista que impulsionou os seus fundadores.
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