Invisíveis (sobre a notoriedade dos Parlamentares Europeus)
2019/06/02 09:44
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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Segundo o resultado de um inquérito divulgado pelo Jornal Expresso 69% dos portugueses, quando inquiridos sobre quem são os 21 Eurodeputados portugueses não lhe ocorre um único nome. Quem seja Eurodeputado sem ter exercido antes em Portugal funções públicas e notórias, dificilmente é reconhecidopelas funções exercidas no Parlamento Europeu e pela participação na feitura de mais de dois terços de todas as leis e normas que nos regem.
O que sinto quando me desloco por todo o Portugal, nos transportes públicos e nas ruas de Lisboa, nas vilas, aldeias e cidades do meu Alentejo ou nos bairros da cidade em que vivo não é invisibilidade nem indiferença. Pelo contrário, encontro muitas pessoasque me reconhecem, falam comigo e colocam questões normalmente com um grau de simpatia elevado.
Também noto que muitas vezes, pelo tipo de questões que me colocam, os cidadãos e as cidadãs que me abordam sabem que eu estou envolvido na causa cívica e política, mas não identificam essa causa com o desempenho de funções no Parlamento Europeu.
Os que me identificam como Eurodeputado são aqueles que ao longo do meu mandato pude “tocar” diretamente na participação ativa que sempre mantive em debates e diálogos no quadro das escolas e universidades, do mundo empresarial, da sociedade civil em geral e do mundo partidário em particular.
Vou continuar esse trabalho, mas tenho a consciência mesmo continuando a melhorar o índice de reconhecimento ao mesmo tempo que cumpro o meu dever, algo diferente e sistémico tem que acontecer para que os Parlamentares Europeus possam ter outra visibilidade e outra avaliação social do seu trabalho, no contexto da sociedade portuguesa.
Em particular o espaço mediático das televisões generalistas tem sido um território vedado aos que desempenham as funções de parlamentares europeus. Mesmo aqueles, e eu sou um deles, que tiveram a oportunidade de ser chamados com regularidade a comentar nesses órgãos de comunicação, foram na maioria das vezes desafiados a comentar temas nacionais e não temas europeus, se é que se pode estabelecer esta barreira.
Não tenho uma solução mágica para os factos que enuncio. Como escrevi aqui na crónica anterior é preciso mudar a perceção das pessoas sobre a União Europeia e sobre os seus órgãos e isso só se faz com trabalho árduo que desenvolva um sentido de pertença mais forte dos cidadãos em relação a tudo o que nela se passa.
Os factos mostram-nos que quem porfia por vezes consegue mudar o tabuleiro. Vale a pena continuar a trabalhar para fazer acontecer.
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