Fastio e Adesão
Em volta da União Europeia (UE) são muitos os povos que ambicionam aderir à parceria. O pedido urgente da Ucrânia veio lembrar-nos dos muitos outros países que têm vindo a fazer o caminho difícil para uma futura adesão. Em contraponto, dentro da União é significativo o numero de cidadãos que demonstram um certo cansaço e fastio em relação ao projeto europeu.
Esta dicotomia tem muitas explicações. A mais forte de todas elas será certamente o diferencial de expetativas e perceções. Para quem quer entrar a expetativa é atingir um patamar de maior segurança, liberdade, paz e desenvolvimento. Para quem está a comparação é entre o que se tem e o que se gostaria de ter e entre o presente e a perceção do que poderá ser o futuro.
Como é normal por altura da comemoração do 9 de maio, também este ano tenho participado em muitas sessões sobre a Europa e os desafios que enfrenta. Noto nas pessoas com que falo, de todas as idades, um interesse maior com a concretização das políticas e dos programas europeus e com as suas consequências, facto a que não é certamente alheia a preocupação com os impactos diretos e indiretos da invasão da Ucrânia.
Não vivemos tempos fáceis para antever o que nos espera. Todas as respostas implicam ter em consideração diversos cenários. Importante é que não nos limitemos a ser figurantes nesses cenários nem nos deixemos abater pelo cansaço, pela sensação de impotência ou pela vontade de desistir.
Nunca é demais lembrar que sendo uma parceria de 27 democracias, o projeto europeu é por natureza um projeto de cidadania. Por isso me tenho atrevido algumas vezes a provocar quem me ouve com um convite fora da caixa. Se quem quer aderir à UE se mostra entusiasmado com a ideia, e quem já por cá está se sente entediado com ela, porque não fazer uma adesão e um compromisso pessoal com o projeto europeu para quebrar o enguiço? Porque não ser protagonista, participar com ideias, propostas e iniciativas e contribuir com as suas escolhas de vida e com o seu voto para decidir o que será a UE do futuro desde a escala global à escala local e até pessoal.
As pessoas são o alicerce do projeto europeu. A discussão institucional é importante porque nenhuma construção dura muito se não tiver paredes e telhados adequados à sua função, mas se não fizermos o nosso caminho, vamos ter mais tarde ou mais cedo que caminhar por trilhos que não escolhemos e que outros fizeram por nós e que só por sorte ou coincidência serão o caminho com que sonhámos