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Rituais de passagem






 

A mudança do ano é um tempo mágico em que de forma mais ou menos consciente todos somos tomados por rituais imemoriais de passagem. Ficamos mais sensíveis e mais abertos a reflectir sobre o mundo em que vivemos. Temos menos desculpas para viver mecanicamente os dias fugindo a sete pés do confronto com o sentido da vida.

 

Com Francisco mantendo a capacidade de abrir corações e quebrar tabus, como bem o demonstrou a sua inesquecível comunicação à Cúria, encontrei este ano mais gente disponível para não discutir apenas a qualidade do bolo-rei ou do champagne, ou noutro registo, para lamentar a pobreza que grassa numa sociedade de abundância, o que é louvável sobretudo quando conduz à acção concreta, mas para tentar compreender o sentido das coisas.

 

Um livro de grande qualidade, coordenado pelo Professor e Padre Anselmo Borges (“Deus ainda tem futuro?” Gradiva, 2014) foi um excelente companheiro do período festivo, com as suas análises multifacetadas, expondo de maneira clara as perspectivas dos naturalistas e evolucionistas ateus até à visão dos criacionistas mais radicais, explicitando pelo meio as múltiplas visões conjugadas de grandes autores e grandes espíritos que dando razão à regra, quanto maiores e mais consistentes são no seu saber mais se abrem ao contraditório e à opinião do outro.

 

Deus ainda tem futuro? No mundo confrontam-se duas visões extremas. Os que achando que o espiritual rege o cientifico e que em consequência Deus criou o Homem dando-lhe as ferramentas para que este o procure sem cessar, enquanto outros dando primazia à ciência postulam que foi o Homem que criou Deus para poder ter um sentido de busca e aperfeiçoamento constante.

 

Seja como for, Ele está sempre presente e não apenas tem futuro como é o futuro! A verdade não é um extremo mas uma confluência de muitos saberes. Como escreveu João Paulo II, “A ciência pode purificar a religião do erro e da superstição. A religião pode purificar a ciência da idolatria e dos falsos absolutos”.

 

Recordo neste tempo frio e solarengo a abafada noite alentejana em que “conheci” o Padre jesuíta Teilhard de Chardin, aquele que para mim melhor conseguiu até hoje definir uma síntese entre transcendência e imanência, entre o Deus criativo e o Deus evolutivo. Disse Chardin – “Creio que o universo é uma evolução / Creio que a evolução caminha para o espírito / Creio que o espírito do Homem se perfaz em algo de pessoal / Creio que o pessoal supremo é o Cristo Universal”. Feliz 2015 para todos.                 

 
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