Qualifiquem-se Porra (vernáculo alentejano)
2016/07/16 15:57
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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Para os menos
habituados ao vernáculo alentejano, esclareço que o título deste texto se
inspira na pichagem que um grupo de jovens da JS do Baixo Alentejo colocou em
maio de 1994 na parede de um pontão inacabado da Barragem do Alqueva. O
“Construam-me Porra” ali escrito no inicio da última década do século XX transformou-se
num ícone da determinação e da vontade. A barragem construiu-se e é hoje um
importante suporte ao desenvolvimento socioeconómico regional.
Mas há mais a construir
na nossa terra. A qualificação das nossas gentes é o mais prioritário. O mundo
está a mudar e a economia também. Milhares de empregos tradicionais vão ser
perdidos ou deslocalizados. Em simultâneo, milhares de novos empregos vão ser
criados pela transição energética e pela revolução digital. O que é que separa
uns dos outros? A qualificação necessária, obviamente.
Em Portugal 2 em cada 5
trabalhadores não tem as qualificações adequadas para as funções que
desempenha. Em relação às funções que potencialmente vão ser necessário ocupar,
o diferencial não está quantificado, mas será muito maior.
No Alentejo, com uma
elevada taxa de desemprego entre os jovens, a carência de recursos humanos nos
novos domínios dos serviços e tecnologias da informação é enorme. É urgente um
esforço conjunto das pessoas e das instituições pela qualificação e pela
requalificação, como condição de empregabilidade, de dignidade e de fixação no
território de empresas e famílias.
Em 10 de Junho deste
ano a Comissão Europeia lançou um programa para responder ao deficit de
qualificações e competências profissionais na União Europeia. O programa
designado “Uma nova agenda de competência para a União Europeia” engloba dez
linhas de ação calendarizadas a concretizar até ao final de 2017, visando
“trabalhar em conjunto para reforçar o capital humano, a empregabilidade e a
competitividade”.
Este programa assegura
a todos os cidadãos europeus uma garantia de competências (avaliação, formação,
reconhecimento) na linha do que foi a prática percursora do Programa Novas
Oportunidades em Portugal, propõe uma revisão geral dos referenciais de
competências, integra uma maior aposta no ensino vocacional, inclui a criação
de programas de qualificação para migrantes e refugiados, prevê o
desenvolvimento de programas de qualificação especializados para “clusters”
empresariais, garante o fornecimento de informação atualizada sobre
necessidades de mercado e propõe-se fomentar uma coligação de parceiros para
responder ao deficit de competências digitais.
Os instrumentos e os
financiamentos estão disponíveis. A necessidade e a oportunidade são óbvias.
Por isso, caros leitores, se estão no inicio ou no meio de um percurso
profissional, não hesitem. Qualifiquem-se porra!
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