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Mar de Gente




 

Num povo de marinheiros, descobridores, aventureiros por vontade própria ou quando a crise faz transbordar quem não encontra o ganha-pão na sua terra, a descrição da manifestação popular de 2 de Março como um “Mar de Gente” que vi reproduzida em muitos órgãos de comunicação social e nas redes sociais, parece-me particularmente feliz.

 

Um mar é um mar! Aquilo que significa é bem mais importante do que a dimensão que representa. Em vez de tentar compreender o que significa um mar de gente indignada, muitos entraram na discussão sobre o mar era grande, médio ou pequeno. Era Enorme.

 

Sendo cauteloso e consultando as diversas fontes foram mais de um milhão de portugueses. Mas esse milhão de portugueses foi recebido cm simpatia pelos outros. Não houve crispação nem contra-manifestações. Ninguém (nem o próprio!) deu a cara para defender o governo. Neste cenário que sentido tem discutir quantidades? O que se passou foi uma demonstração simbólica e qualitativa brutal da agonia política de um Governo, institucionalmente legítimo.

 

Mas houve também quem dissesse que o mar não tinha rumo. Que as pessoas estavam ali pela festa mas não tinham alternativas. Pois talvez muitos do que se manifestaram não soubessem bem o que queriam, mas todos estavam unidos por aquilo que não queriam, ou seja, por uma recusa clara da política de empobrecimento global do país que nos pretende alinhar competitivamente com os Países menos desenvolvidos do Planeta, tentando vender produtos apenas porque pagamos mal a quem os produz e não temos mercado interno para os comprar.   

 

E naquele mar faltavam já muitos que a crise fez emigrar, não por escolha própria, mas por impossibilidade de se realizarem e sobreviverem no nosso território. Acredito, como Fernando Pessoa, que a nossa Pátria é a Língua Portuguesa. Por isso é em português que nos indignamos e é por Portugal que lutamos.

 

Lutamos enquanto cidadãos. É preciso fazê-lo com a consciência de que não podemos destruir a democracia representativa. Temos que mudar os seus procedimentos, obrigá-la a abrir-se mais à sociedade civil, a compreender que a governação se faz antes de mais com as pessoas e em nome delas.

 

Não é por isso destruindo os Partidos, mas obrigando-os a reformarem-se e a abrirem-se com transparência à sociedade, que se dará sentido ao Mar de Gente com o qual esta nação quase milenar deu ao mundo mais uma extraordinária prova de vida.    
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