Solução Política - A Grécia e o Futuro da UE
2015/07/11 13:12
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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A acreditar no oráculo das bolsas e nas
informações que circulam pelos bastidores das negociações, é provável (mas
incerto até ao último momento) que o problema do financiamento da Grécia encontre
no curto / médio prazo uma solução política. A acontecer, será o desfecho mais
positivo possível dum braço de ferro brutal.
Aproveitando o ligeiro afrouxar do braço
da austeridade, é fundamental agora que os que a ela se opõem não aliviem a
pressão. Foram os Socialistas e Democratas Europeus, com o inequívoco
contributo de Juncker e Draghi, que conseguiram cerzir as pontes para este potencial
acordo.
Para que a solução conjuntural que está
a ser desenhada para a Grécia se transforme num avanço estrutural das regras da
União Económica e Monetária, benéfico para toda a zona Euro, é muito importante
que os defensores da mudança vejam reforçado o seu mandato pela vontade dos
eleitores.
Com governos socialistas e democratas em
Itália e França e com o aparente triunfo da ala moderada do Syriza na Grécia, uma
vitória dos Socialistas este ano em Portugal e Espanha, a acontecer, mudará os
equilíbrios e permitirá à União Europeia voltar a ter como prioridades o
emprego e o crescimento sustentável em vez da austeridade. Os eleitores portugueses
terão neste outono, mais do que nunca, uma palavra a dizer no futuro da Europa.
Realço a ideia determinante de que a
solução para a Grécia, a consolidar-se, não resulta de nenhuma abordagem
técnica mesquinha e contabilística, mas antes duma abordagem política forte que
teve o seu momento mais alto no debate que decorreu na manhã de dia 8 de Julho
no Parlamento Europeu, com a presença do Presidente do Conselho (Donald Tusk),
do Presidente da Comissão (Jean Claude Juncker), do Presidente do Parlamento
Europeu (Martin Schultz) e do Primeiro Ministro Grego Alexis Tsipras. Algumas
das intervenções em plenário dos líderes dos diferentes grupos políticos tornaram-se
virais. O debate foi sério e construtivo. Não assistimos a uma repetição de
posições estanques. Travou-se um combate político inolvidável e com
consequências. Na minha perspetiva foi nesse debate que a agulha que apontava
perigosamente para a saída da Grécia do Euro se começou a mover no sentido
contrário.
Por estes dias, outros dossiers de
grande importância à escala global parecem estar á beira de encontrarem
soluções políticas. O mais marcante é o tema da não proliferação nuclear e em
particular o seu impacto nas relações do Irão com a comunidade internacional. Num
mundo em disrupção exige-se liderança e capacidade política em vez de
mesquinhez tecnocrática.
Se no fim do fogo se puder concluir que
a crise grega ajudou ao regresso da grande política, terá sido mais um
contributo positivo que terá sido dado para o futuro da humanidade.
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