Não, Manuela!
Segundo Manuela Ferreira Leite, ex-Ministra das Finanças, candidata vencida a Primeira-Ministra e “ex” muitas outras coisas, incluindo a de ser deputada eleita pelo Círculo Eleitoral de Évora entre 1995 e 1999, Portugal caminha para ser “o Alentejo da Europa, uma região muito bonita, extremamente atrativa, ótima para se descansar, para apanhar sol, comer bons petiscos, mas morta e sem vida”.
Não, Manuela! Chamar a uma região “atrativa, mas morta e sem vida”, é uma contradição em si mesmo. A sua visão do Alentejo, embora tenha representado a Região num momento decisivo para o seu desenvolvimento, nem sequer é de turista, porque os nos visitam e se apaixonam por estas terras sentem a sua vida fervilhante, o seu vagar profundo, a sua capacidade de ser diferente, mas aberta ao mundo.
Não Manuela! Não ousando pensar que a atraem os cemitérios, imagino-a antes uma frequentadora ocasional dos excelentes lugares de pousio e de restauração que se espalham pelas nossas cidades, vilas e aldeias, mas sem a capacidade de olhar e de perceber tudo o que rodeia esses espaços de bem receber. Não sabe o que perde Manuela.
O Alentejo está vivo e recomenda-se. Está vivo pelo que é e por aquilo que não desistiu de ser. Está vivo porque tem em Sines um Hub multifuncional de transportes, energia e dados como há poucos na europa e no Mundo. Está vivo porque tem no Empreendimento de Fins Múltiplos do Alqueva uma fonte de riqueza imensa e única. Está vivo porque tem uma rede universitária e politécnica forte e liderante em muitas áreas do conhecimento. Está vivo porque atrai cada vez mais empresas em tecnologias de ponta, na aeronáutica, na robótica, na agropecuária, nas energias limpas, nos serviços especializados e em tantas outras coisas. Está vivo porque através de uma das suas cidades (Évora) será a região capital europeia da cultura em 2027, algo antes só conseguido em Portugal, por Lisboa, Porto e Guimarães. Está vivo porque os alentejanos estão vivos e porque há cada vez mais gente a juntar-se a nós (e mesmo os que para aqui vêm trazidos pelas redes de mão de obra barata anseiam para que os integremos como merecem e lhe devolvamos a dignidade).
Não, Manuela. Não está tudo bem no Alentejo. Há muitas carências e a longura tem custos para muitos. Somos uma região envelhecida, mas não somos uma região velha.Muitos partem com o desejo de um dia voltar. Temos orgulho do que somos, mas não nos esquecemos do que ainda não somos. Dormimos a sesta, apanhamos sol e petiscamos, mas estamos determinados a enfrentar os desafios do futuro e a vencer. Há quanto tempo não “vê” o Alentejo, Manuela?