Plano de Fuga
2013/06/02 12:05
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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Na recente interpelação do Bloco de
Esquerda sobre a Reforma do Estado, o Ministro de Estado e dos Negócios
Estrangeiros Paulo Portas explicitou de forma meridiana o plano de fuga que a
maioria gizou para tentar sair com vida política do atoleiro em que meteu o
País.
Escorados nos calendários, que incluem
as eleições alemãs e as autárquicas em Portugal, Passos e Portas tentarão
chegar com respiração assistida a Junho de 2014 para depois obterem a alta de
um “doente”, que a continuar esta terapia não será mais do que uma ordem de
transferência para um nível de cuidados económicos e financeiros ainda mais
aprofundados.
Disse Portas, e cito a ideia que não a
exactidão das palavras, “Recebemos este País como um protetorado e vamos
deixá-lo com a soberania restituída”.
Acontece que se Portugal é um
protetorado isso se deve a um estranho conúbio de Portas, Passos, Jerónimo,
Louçã e Apolónia no chumbo do PEC IV. E acontece também que se esta trajectória
de empobrecimento e falência económica e social se mantiver a soberania nos
mercados que Portas prometia será apenas uma faustosa ilusão, porque um País
sem economia, sem crescimento e sem dinâmica de criação de emprego será sempre
presa fácil para a especulação dos mercados financeiros.
Estamos perante uma crise política de
grande profundidade. Cabe ao mais alto Magistrado da Nação, que tem para isso
toda a legitimidade, tomar consciência do caminho para o abismo e tentar
evitá-lo ou acreditar no jogo de sombras que habilmente Passos e Portas
montaram para tentar passar entre as gotas da chuva até ao final do período se
intervenção da Troika em Portugal. Escolher entre atalhar o incêndio que vai
destruindo os fundamentos da nossa economia e do nosso tecido social ou deixar
arder porque mais cedo ou mais tarde os bombeiros partirão, nem que seja após o
rescaldo duma destruição sem precedentes da nossa base produtiva e comunitária.
Há decisores, e penso que o nosso
Presidente da República está entre eles, que não gostam de decidir sobre
pressão política ou da comunicação social. Têm todo o direito de assim
procederem. Mas isso não justifica a inacção. Que decidam sobre a consciência
da realidade e da sua evolução. Portugal tem que inverter o sentido de marcha e
arrancar para um novo rumo e o tempo para que isso aconteça não é eterno.
Conhecemos o plano de fuga. Ele é mau
para o nosso País. Não podemos ser cúmplices do seu eventual sucesso, que
significará o insucesso de todo um povo.
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