Carta Estratégica
2016/04/02 14:39
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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Como Membro da Assembleia Municipal de Montemor-o-Novo tive a
oportunidade de participar dia 1 de abril numa reunião extraordinária em que
foi debatida a “Carta Estratégica” para aquele Concelho para a próxima década.
Foi uma reunião com enorme significado político, porque permitiu concluir algo
de muito importante, sobretudo num Município governado desde que há poder local
democrático pelo Partido Comunista e pela sua visão centralista democrática, ou
seja, pela ideia que as políticas públicas substituem os cidadãos no comando e
controlo dos caminhos de desenvolvimento. Esta abordagem já falhou no passado e
no atual quadro social é inviável. A “Carta Estratégica” tem que ser debatida
de forma alargada por toda a população e só terá sucesso se conseguir um compromisso
forte com a execução daquilo que nela for proposto.
Com a oportunidade de acederem aos fundos do Portugal 2020 e a
necessidade de começarem a preparar o novo ciclo de políticas de
desenvolvimento e coesão pós 2020 é provável que um pouco por todo o País os
territórios estejam a pensar o seu futuro e as suas prioridades. O Governo
aliás está a dar o exemplo ao lançar um debate alargado sobre o Programa
Nacional de Reformas e os eixos estratégicos para combater os constrangimentos
ao crescimento económico à criação de emprego no País. As palavras-chave nestes
processos têm que ser compromisso e ação. Compromisso e ação dos órgãos de
poder democrático e compromisso e ação dos cidadãos e da sociedade civil.
Publiquei há alguns anos um ensaio sobre a Gestão da Felicidade
(Bnomics 2012 ) em que parti da ideia base de que o esforço quotidiano que
fazemos para sermos felizes é o outro lado do espelho do combate que fazemos
fugirmos ao medo. Ao medo físico de não sobrevivermos, ao medo social de não sermos
incluídos e ao medo psicológico de não encontrarmos um sentido para a vida.
Nesse ensaio refleti sobretudo sobre a forma como as políticas públicas
deviam ser desenhadas para reduzir as condições de medo e em consequência para
ajudarem as pessoas a serem felizes. Tudo o que aí escrevi contínua atual. As
políticas públicas são muito importantes para mobilizar a ação. No entanto, o
principal combate tem que ser travado por cada um de nós, com a sua atitude,
com a sua participação e com o seu compromisso com as respostas necessárias.
A necessidade de implicação e compromisso está em todo o lado e em
todos os desafios. Infiltra as questões globais e também as questões das
políticas de proximidade. É parte da vida e dos seus desafios, tal como eles se
configuram neste tempo de revolução tecnológica e política.
A Política feita dos diretórios para os cidadãos levou ao desinteresse
e ao afastamento da participação e ao medo. O melhor contributo que cada um de
nós pode dar contra o medo é ser protagonista duma forma de viver que dê menos
espaço aos fatores de risco quer em termos da segurança, quer em termos da
exclusão, quer em termos da capacidade de realização das pessoas no quadro de
comunidades viáveis e saudáveis.
Por isso as “cartas estratégicas” sejam aplicadas no domínio ou no
patamar que forem, não podem ser missivas dos “mandantes aos mandados”. Só
terão sucesso se forem assinadas por todos e sentidas como um compromisso de
todos na sua concretização.
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