Coelho "Mágico"
2014/08/26 09:40
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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Dizem que Pedro Passos Coelho tem dotes vocais e que os exerceu (eu vi
um extrato) quando num passo de mágica tentou que fossem os trabalhadores a
arcar quase em exclusividade com a taxa social única (TSU) mais um dos truques
desmascarados pela oposição e pelo povo português.
A célebre iniciativa da TSU foi apenas um dos muitos truques contra o
Estado de Direito perpetrados pela coligação PSD/CDS e desmascarados pelas
pessoas, pela oposição e pelo Tribunal Constitucional.
Os mágicos tradicionais tiravam coelhos da cartola. Em Portugal, temos
um Primeiro-ministro que usou a “magia” da dissimulação para chegar ao poder e
agora não se coíbe de a continuar a usar para lá continuar.
O último truque tem a ver com a reação do Governo ao seu nono chumbo no
crivo do Tribunal Constitucional.
Aproximando-se eleições
legislativas, na Primavera de 2015 como seria do interesse nacional ou no
Outono de 2015 como está por enquanto previsto, Coelho procura criar nos
cidadãos a ilusão da normalidade e de branqueamento do brutal empobrecimento
que o seu governo provocou na economia e nas famílias portuguesas.
Segundo ele já não haverá reforma da segurança social (a segurança
social precisa de ser reformada mas não com cortes retroativos nem com a
sobrecarga dos encargos pagos pelo trabalho) e os salários dos funcionários
públicos serão repostos de acordo com aquilo que o governo designa abusivamente
por “Cortes de Sócrates”.
A verdade é que desde “Sócrates” ou seja do orçamento de 2011 os
impostos indiretos e diretos subiram brutalmente pelo que a simples reposição
das condições base, além de retratar um falhanço dos 3 anos de austeridade
deste governo, não permite repor aos funcionários públicos os níveis de
rendimento que então usufruíam.
Considerando só os cortes diretos (impostos e descontos no ordenado) e
seguindo dados de aplicação do modelo publicados pela Revista Visão, um
ordenado bruto de 1600 Euros que se traduzia num ordenado líquido de 1127 Euros
em 2011 é agora reduzido a 973 Euros. Na mesma linha de cálculo e
arredondamento, um ordenado de 3000 Euros permitia receber 1773 Euros em 2011 e
agora apenas 1482 e um ordenado bruto de 4500 Euros permitia em 2011 receber
2511 líquidos e hoje 2086 Euros.
A esta quebra de rendimento líquido acresce o aumento de alguns custos
sociais (transportes, taxas moderadoras, propinas) a inflação e o aumento de
impostos indiretos como o IVA com reflexos no custo de vida.
Coelho no Pontal falou de normalidade. Que normalidade? Só se for a
normalidade do empobrecimento e da “magia” que faz desaparecer património
público, poder de compra, emprego e dignidade no nosso País desde que o “mago”
comanda os seus destinos.
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