Passos para o Abismo
2013/05/05 12:44
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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Pedro Passos Coelho decidiu prosseguir a via para a asfixia económica, o desemprego e o empobrecimento do nosso País.
Nem a súbita flexibilidade e permissividade de Schauble, o todo-poderoso Ministro das Finanças da Alemanha e grande referência de Vitor Gaspar, ao permitir melhores condições de ajustamento à Holanda, à Espanha e à França (o aperto nos grandes mercados vizinhos começa a sentir-se na economia alemã) motivou o nosso Primeiro-Ministro a exigir do seu Alter-ego Gaspar uma reivindicação de igual tratamento.
A grande inovação política recente do Governo foi o convite aos partidos políticos e aos parceiros sociais para darem contributos. Mas contributos para quê?
Imaginem que um colega vosso, para resolver um problema comum, vos exige que o acompanhe numa deslocação ao Porto, a partir de Lisboa, embora você tenha consciência que para responder a esse problema naquele momento se deve deslocar para Faro e não para a capital do Norte.
Então esse amigo, em vez de tentar perceber por que é que para aquele caso em concreto é melhor ir a Faro do que ao Porto, começa a dizer que você pode decidir ir ao Porto de avião, de comboio, de carro, de mota, de barco, de bicicleta ou até a pé. Aceita e pondera todas as propostas com grande despojamento. Só exige que o destino seja o Porto e você sabe que a solução viável está em Faro. Claro que nesta metáfora as cidades podiam estar trocadas, mas na vida real não.
O Governo quer contributos para uma política falhada que quando mais “bem sucedida” for maior será o desastre para Portugal e para os portugueses. O que está em jogo não são os instrumentos mas os objectivos e a visão. A dicotomia é entre empobrecimento como desistência e crescimento sustentável como alternativa.
Se está demonstrado que o caminho não é o que Passos Coelho idealizou e Vitor Gaspar formatou, que sentido faz e que sucesso poderá ter a mobilização dos portugueses em torno de uma via para o abismo?
Só temos duas possibilidades razoáveis. Ou o consenso em torno de outra via ou uma escolha democrática entra a via de Passos, Portas e Gaspar e a solução que começa a emergir da aliança do PS com os portugueses.
Não compreendo como algumas pessoas não compreendem isto! Sobretudo aqueles a quem a República atribuiu democraticamente particulares responsabilidades na percepção do que é melhor para Portugal.
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