Coisas do Clima
2014/06/07 23:33
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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Nos últimos anos, com a crise económica e o aumento da pobreza e das
desigualdades a ganharem cada vez mais importância na discussão global, o
debate sobre as alterações climáticas e o seu impacto na qualidade do ambiente
e nas condições de vida no planeta viu-se relegado para um plano secundário,
sobretudo após o carater não obrigatório das metas definidas em 2009 em
Copenhaga.
Um esquecimento que só é quebrado pelas grandes catástrofes que marcam e
aterrorizam o quotidiano de uns milhões e o contexto mediático de quase todos,
sobretudo quando ocorrem nas zonas mais desenvolvidas do globo.
A natureza, no entanto, não perdoa distrações. Em Portugal muitos
voltaram a acordar para o problema da subida das águas do mar provocado pelo
degelo polar ao verem as praias cada vez mais exíguas, ao mesmo tempo que a
invernia destruiu muitas das estruturas de apoio à atividade balnear.
A avaliação da importância das políticas de combate ao aquecimento
global e de preservação do equilíbrio ambiental é uma das fraturas que
atravessa o planeta, separando a Europa mais ambientalmente consciente, doutras
regiões em que o tema não é sequer colocado na agenda e nas prioridades.
Mesmo no quadro europeu, pude assistir na passada semana numa reunião
do Grupo Politico a que pertenço no Parlamento Europeu (Socialistas e
Democratas) à forma diferente como alguns países consideram as questões
ambientais uma prioridade da política europeia e outros a consideram um entrave
à industrialização desregrada e à competitividade sem restrições.
A junção na atual orgânica do governo em Portugal, do ambiente, dos
transportes e da energia é uma das poucas marcas positivas do governo em
funções. Essa junção tem vindo a permitir recuperar algumas das apostas em que
o País chegou a liderar à escala global, como a mobilidade elétrica, as redes
inteligentes e as soluções de proximidade no domínio das energias renováveis.
É hoje fundamental ligar a inovação limpa e as novas dinâmicas de industrialização,
a um modelo de vida saudável e sustentável. Não o fazer será uma distração que
pode ser fatal. E muitos não ficarão cá para poder refletir sobre o que
aconteceu.
Quanto menos seguro for o desenvolvimento menos preservada ficará a
costa. Vale a pena refletir nesta ideia simples, mas que tem a força do que é
inelutável.
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