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Potência Relacional (uma visão geoestratégica do papel de Portugal no mundo)

O mundo vive tempos de mudança, turbulência e imprevisibilidade. Fazer prospectiva neste contexto é um exercício arriscado. Penso no entanto que no quadro da globalização galopante se vão afirmar diversas potências regionais (a que alguns politólogos preferem chamar impérios) que terão uma relação de competição e cooperação crispada.

Estados Unidos da América, China, Brasil, Índia, Rússia, África do Sul ou Turquia são alguns exemplos de potências regionais indiscutíveis. A União Europeia pode afirmar-se como uma potência regional, implodir ou ser apenas uma zona sob influência marcante da potência alemã.

E Portugal? Poderá ser uma potência regional como auguravam algumas profecias? Penso que não tem dimensão económica para isso. Quanto muito poderá integrar uma UE aprofundada no plano político e assumida como potência regional. Mas mesmo que isso aconteça, penso que a grande oportunidade para Portugal é a sua afirmação como potência relacional, geradora e gestora de relações entre impérios, tirando partido da matriz multicultural, da diáspora e do seu peso diplomático muito superior ao peso económico.

Um mundo com paz tem que ser um mundo interdependente e em que as fricções competitivas tenham válvulas de escape e plataformas de articulação. Alguns países pela sua história e identidade são particularmente vocacionados para desempenhar esse papel. É o caso do Chile na ligação entre as Américas e a Ásia, da Coreia do Sul no contraponto, de Singapura, da Holanda, da Irlanda ou de Portugal. Estes são apenas alguns exemplos de países charneira que mais do que potências regionais podem e devem ambicionar ser potências relacionais.

Uma potência relacional é por definição um País que se relaciona com facilidade á escala global. Portugal fez uma demonstração inequívoca desse potencial na recente eleição para o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). Mas também no domínio das potências relacionais faz sentido alguma diferenciação. A nossa assenta num triângulo chave traduzido na ligação Europa – América do Sul – África com o fio condutor da língua portuguesa que une espaços de futuro como Angola e os diferentes Países de Língua Oficial Portuguesa (PALOPS) e o Brasil.

Este triângulo estratégico tem um vértice chave na relação atlântica com os EUA e na interacção global com a China e a Índia, grandes potências regionais emergentes, a que nos ligam laços históricos e identitários profundos.

Num tempo de globalização acelerada Portugal é a mais desenvolvida Nação Global. Temos mais de 50% do nosso povo espalhado pelas “sete partidas” do globo. Somos cidadãos do mundo, cosmopolitas e visionários.

A territorialização forçada e estrita asfixia-nos e empobrece-nos. É como potência relacional que temos futuro e contamos cada vez mais no contexto mundial. É com esse estatuto que podemos ambicionar realizar o nosso sonho de sermos pioneiros nas novas navegações do século XXI.
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