Abril com Nuvens (Texto publicado na Revista Alentejo - Casa do Alentejo - Abril 2014)
2014/04/22 09:34
| Malha Larga
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O Alentejo foi uma das regiões do País mais martirizadas pela ditadura e na qual as desigualdades cavaram mais funda a diferença entre ricos e pobres e entre exploradores e explorados.
Essa dicotomia não enfraqueceu no entanto a consciência e a resistência política dos Alentejanos, que após a alvorada de Abril, embora não tenham conseguido inverter a sangria demográfica, conseguiram no entanto um notável progresso nas suas condições de vida e nas condições de acesso aos bens sociais nas suas cidades, vilas e aldeias.
Hoje, em cada Concelho Alentejano podemos ainda encontrar escolas, centros de saúde, acessibilidades rodoviárias, estruturas desportivas e culturais e equipamentos de apoio à terceira idade incomparavelmente melhores do que antes da revolução democrática.
O investimento social e económico no Alentejo nem sempre ocorreu com a velocidade necessária, mas foi sempre mais forte com governações do Partido Socialista do que quando PSD ou PSD e CDS juntos asseguraram a governação.
Mais depressa ou mais devagar, o Alentejo progrediu sempre até ao momento fatídico em que uma coligação PSD / PP / PCP / BE / Verdes decidiu na Assembleia da República impedir a assinatura de um Pacto de Crescimento e Emprego nos termos do Tratado de Lisboa, escancarando assim as portas de Portugal e do Alentejo a uma intervenção directa da Troika (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional).
A receita dessas instituições, fortemente apadrinhada pelo Governo, é o empobrecimento. Como em tempos idos que pensávamos já não voltarem, arranca-se de novo aos pratos das crianças e aos remédios dos idosos o dinheiro para pagar a voracidade insaciável dos mercados.
O que hoje nos preocupa já não é saber se a velocidade a que o Alentejo tem progredido é suficiente, mas antes tentar conter a vertigem com que a nossa terra tem vindo a ser descarnada de serviços, equipamentos e oportunidades.
Abril de 2014, quarenta anos depois da luminosa manhã da revolução dos cravos, anuncia-se como um mês cinzento, tristonho, recheado de medos e de frustrações.
Nada parece conseguir travar um governo que fecha tribunais e equipamentos sociais, incentiva a migração de serviços como os Correios, dificulta a mobilidade das populações e nem nos grandes projetos estruturantes, como o aproveitamento de Sines e do Alqueva aposta com determinação e coerência.
Mas esta não é a primeira vez que as alentejanas e os alentejanos enfrentam as nuvens da insensibilidade social e da injustiça. Hoje podemos fazê-lo tendo connosco uma arma poderosa. A arma da democracia e do poder de escolher quem nos governa e representa através do voto.
Por isso espero que a celebração dos quarenta anos de Abril em Portugal e no Alentejo seja também a celebração da Democracia e do poder da participação e da escolha.
Em Maio seremos todos convidados a escolher que Europa queremos para o futuro das nossas famílias e dos nossos filhos? O que semearmos nas urnas será colhido na vida quotidiana.
Não nos deixemos levar pelos cantos de sereia dos que apelam à abstenção ou à não participação. Só quem está bem não se mexe e a maioria das nossas gentes está cada vez mais longe de ter as condições de vida que Abril prometeu e que a dignidade exige.
Temos que nos mexer. Mesmo com nuvens. Mesmo que chova a cântaros. Nunca foi fácil viver aqui e no entanto quem nos antecedeu nunca desistiu de lutar. Desistimos nós? Eu não e tu? Sei que também não!
Essa dicotomia não enfraqueceu no entanto a consciência e a resistência política dos Alentejanos, que após a alvorada de Abril, embora não tenham conseguido inverter a sangria demográfica, conseguiram no entanto um notável progresso nas suas condições de vida e nas condições de acesso aos bens sociais nas suas cidades, vilas e aldeias.
Hoje, em cada Concelho Alentejano podemos ainda encontrar escolas, centros de saúde, acessibilidades rodoviárias, estruturas desportivas e culturais e equipamentos de apoio à terceira idade incomparavelmente melhores do que antes da revolução democrática.
O investimento social e económico no Alentejo nem sempre ocorreu com a velocidade necessária, mas foi sempre mais forte com governações do Partido Socialista do que quando PSD ou PSD e CDS juntos asseguraram a governação.
Mais depressa ou mais devagar, o Alentejo progrediu sempre até ao momento fatídico em que uma coligação PSD / PP / PCP / BE / Verdes decidiu na Assembleia da República impedir a assinatura de um Pacto de Crescimento e Emprego nos termos do Tratado de Lisboa, escancarando assim as portas de Portugal e do Alentejo a uma intervenção directa da Troika (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional).
A receita dessas instituições, fortemente apadrinhada pelo Governo, é o empobrecimento. Como em tempos idos que pensávamos já não voltarem, arranca-se de novo aos pratos das crianças e aos remédios dos idosos o dinheiro para pagar a voracidade insaciável dos mercados.
O que hoje nos preocupa já não é saber se a velocidade a que o Alentejo tem progredido é suficiente, mas antes tentar conter a vertigem com que a nossa terra tem vindo a ser descarnada de serviços, equipamentos e oportunidades.
Abril de 2014, quarenta anos depois da luminosa manhã da revolução dos cravos, anuncia-se como um mês cinzento, tristonho, recheado de medos e de frustrações.
Nada parece conseguir travar um governo que fecha tribunais e equipamentos sociais, incentiva a migração de serviços como os Correios, dificulta a mobilidade das populações e nem nos grandes projetos estruturantes, como o aproveitamento de Sines e do Alqueva aposta com determinação e coerência.
Mas esta não é a primeira vez que as alentejanas e os alentejanos enfrentam as nuvens da insensibilidade social e da injustiça. Hoje podemos fazê-lo tendo connosco uma arma poderosa. A arma da democracia e do poder de escolher quem nos governa e representa através do voto.
Por isso espero que a celebração dos quarenta anos de Abril em Portugal e no Alentejo seja também a celebração da Democracia e do poder da participação e da escolha.
Em Maio seremos todos convidados a escolher que Europa queremos para o futuro das nossas famílias e dos nossos filhos? O que semearmos nas urnas será colhido na vida quotidiana.
Não nos deixemos levar pelos cantos de sereia dos que apelam à abstenção ou à não participação. Só quem está bem não se mexe e a maioria das nossas gentes está cada vez mais longe de ter as condições de vida que Abril prometeu e que a dignidade exige.
Temos que nos mexer. Mesmo com nuvens. Mesmo que chova a cântaros. Nunca foi fácil viver aqui e no entanto quem nos antecedeu nunca desistiu de lutar. Desistimos nós? Eu não e tu? Sei que também não!
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