Ser Alent(ejano)
Não nasci no Alentejo embora as minhas raízes estejam sobretudo nesta terra, em particular no Concelho de Montemor-o-Novo e na Freguesia de Santiago do Escoural onde nasceram os meus progenitores e onde vivi parte marcante da minha infância e adolescência. Não nasci no Alentejo, mas sou alentejano, embora não seja apenas alentejano. Nascido em Óbidos, tenho também orgulho de ser “toupeiro”. Tendo vindo a viver uma vida cheia e repartida entre continentes, países e regiões, tenho em mim um pouco de cada um dos territórios e das comunidades que me acolheram.
Este introito, que com esta ou outra formulação, já repeti noutros textos, serve para fundamentar a partilha de algumas breves reflexões sobre as dinâmicas demográficas que a pandemia e a aceleração digital combinadas tenderão a provocar nas regiões, em particular naquelas menos povoadas, pelo facto da sua atratividade em termos de qualidade de vida não terem convergido, durante muitas décadas, com o potencial socio - económico para a fixação das populações. O Alentejo é um exemplo desta dicotomia, bem ilustrado pela quebra de demográfica e pelo despovoamento de partes significativas do seu território.
Com a concretização dos projetos previstos para a melhoria da conetividade digital em todo o território alentejano, com os investimentos em curso para reforçar as respostas em saúde, mobilidade, educação e habitação, com os projetos empresariais em carteira no domínio da energia, da agropecuária, da indústria e dos serviços e com a enorme qualidade paisagística e cultural que nossa região oferece, temos todas as condições para fixar e atrair residentes que daqui poderão trabalhar para o território e para o mundo.
É fundamental aproveitar a oportunidade para que esses novos povoadores, trabalhem para onde trabalharem, se sintam parte da nossa comunidade e pouco a pouco se vão tornando não apenas trabalhadores, empreendedores ou nómadas digitais localizados no Alentejo, mas se vão sentido alentejanos no mundo, ajudando a captar mais gente, a levar mais longe e a traduzir em desenvolvimento sustentável o enorme potencial que temos.
Para isso, além na natural capacidade de acolhimento vagaroso, mas denso que nos carateriza, precisamos também de políticas que permitam capacitar os que já cá estão para beneficiarem da parceria com os que chegam, criando comunidades mais fortes e unidas na diversidade e evitando a todo o custo que se criem “ghettos” económicos ou sociais. Todos ganharão em ser alentejanos pelo Alentejo que queremos.