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Segunda Vaga (de desenvolvimento territorial)

 O título que escolhi para este texto é filho da novilíngua que fomos desenvolvendo em torno das conversas e reflexões sobre a pandemia. No entanto, só na exata medida em que com ela tudo mudou e vai continuar a mudar no mundo em que vivemos, é que existe uma relação entre a segunda vaga ou as segundas vagas sobre as quais escreverei e as ditas vagas pandémicas, que espero não retornem tão cedo aos nossos territórios.

 

A mudança faz parte da vida e a sua aceleração quando pensamos na transformação que as novas tecnologias estão a induzir nas nossas sociedades não é de agora. O que é de agora é uma aceleração da aceleração (ou uma segunda vaga da aceleração) tão forte que dificilmente deixará de causar algumas disrupções, designadamente na digitalização da sociedade (segunda vaga da digitalização), na transição energética para sistemas mais sustentáveis (segunda vaga da transição energética), as quais combinadas gerarão segundas vagas em quase tudo e também no desenvolvimento territorial.

 

Centremos-mos então no que pode ser essa segunda vaga do desenvolvimento territorial, porque este é o momento em que temos que fazer as escolhas decisivas que vão marcar pelo menos a próxima década e depois, em efeito dominó, as décadas que se seguirão.

 

A nossa região tem um potencial extraordinário para a produção de energias limpas de nova geração, da qual o hidrogénio verde, sobretudo a partir da capacidade de captura e uso da energia solar, é o melhor exemplo. Tirando partido desse potencial imenso temos todas as condições para nos tornarmos um território atrativo para uma transição digital sustentável, verde e inclusiva, criando condições para deslocalização inteligente de pessoas, recursos e investimentos. 

 

Noticias recentes dão nota de investimentos significativos associados ao cruzamento entre as energias limpas e o acesso às redes de dados, que temos que agarrar adaptando as qualificações e as estruturas do território a esse desafio. 

 

A segunda vaga de desenvolvimento territorial não se faz atirando recursos para um espaço vasto incapaz de os reter e multiplicar. Exige fazer aposta corajosas em células económicas e sociais inovadores e viáveis e depois investir na sua disseminação por todo o território. 

 

É de novo primavera. Começa agora um novo ciclo de vida e também um novo ciclo de desenvolvimento que marcará a próxima década das nossas vidas. Estamos a vencer o Vírus. Aproveitemos o balanço para vencer também a maleita do atraso estrutural que ainda contamina o sonho de um Alentejo melhor.

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